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PSG apoiou adiamento do jogo por caso de racismo e viu Istanbul se dividir

João Henrique Marques

Do UOL Esporte, em Santos

09/12/2020 04h00

Nas discussões entre jogadores do Paris Saint-Germain e Istanbul Basaksehir sobre o futuro da partida pela Liga dos Campeões, após caso de racismo, Marquinhos e Neymar foram figuras participativas. Os dois aceitaram voltar a campo no Parque dos Príncipes, em Paris, com a decisão da Uefa de afastar o quarto árbitro da partida, o romeno Sebastian Coltescu, acusado do ato racista, mas respeitaram a recusa dos jogadores adversários de seguir com o jogo.

Demba Ba (à direita) acusa de racismo Sebastien Coltescu (à esquerda), quarto árbitro da partida entre PSG e Istanbul Basaksehir  - REUTERS/Charles Platiau - REUTERS/Charles Platiau
Pierre Webó (à direita) acusa de racismo Sebastien Coltescu (à esquerda), quarto árbitro da partida entre PSG e Istanbul Basaksehir
Imagem: REUTERS/Charles Platiau

Como capitão do PSG, Marquinhos liderou discussões com a Uefa e deixou claro que em seu vestiário ninguém se negava a voltar a jogar, muito embora essa não fosse a preferência da maioria. Assim como ele e Neymar, muitos queriam que a decisão ficasse a cargo do Istanbul Basaksehir.

Segundo a emissora de televisão francesa RMC, a detentora dos direitos de transmissão da Liga dos Campeões no país, os jogadores do Istanbul estavam divididos. Eram poucos favoráveis ao retorno da partida, e alguns cobravam da Uefa o cancelamento, sem aceitar um adiamento até então.

PSG x Istanbul: Times deixam campo após 4º árbitro ser acusado de racismo - Franck Fife/AFP - Franck Fife/AFP
PSG x Istanbul: Times deixam campo após 4º árbitro ser acusado de racismo
Imagem: Franck Fife/AFP

Por duas vezes, a entidade máxima do futebol europeu chegou a anunciar horário para reiniciar a partida ainda na noite de ontem (8). No entanto, o vestiário do time turco eram várias vozes de recusa. A decisão final foi a de adiar o confronto para as 14h55min (de Brasília) desta quarta-feira.

Nas conversas com Marquinhos e Neymar, líderes do vestiário do Istanbul Basaksehir explicaram o posicionamento do grupo e buscaram uma decisão em conjunto. Voltar ao campo com todos os jogadores de mão dada chegou a ser algo levado em consideração.

No jogo, pouco depois do auxiliar-técnico camaronês Pierre Webó, do Istanbul Basaksehir, sofrer com o ato racista, o atacante senegalês Demba Ba foi quem liderou o time turco a deixar o campo. O PSG se posicionou a favor do gesto de revolta.

"Qualquer forma de racismo vai contra os valores veiculados pelo Paris Saint-Germain, seu presidente, equipe e jogadores. Por mais de 15 anos, o Paris Saint-Germain fez da luta contra todas as formas de discriminação uma luta permanente. O clube da capital é hoje um dos clubes desportivos mais empenhados no combate a todas as formas de violência e discriminação", disse em nota o PSG.

Ainda em campo, enquanto o jogo estava paralisado, Neymar e Mbappé conversaram com o árbitro principal, Ovidiu Hategan. Os astros do PSG deixaram claro que não continuariam no jogo enquanto o quarto árbitro estivesse ali.

"Não vamos jogar com esse cara aqui. Se esse cara não sair daqui, não vamos jogar", afirmou Mbappé.

Ao lado do francês, Neymar balançava a cabeça negativamente em direção ao árbitro, recusando-se a seguir em campo, e repetia: "Nós não vamos jogar".

Preocupada que os jogadores pudessem esfriar a musculatura caso o jogo retornasse, a comissão técnica do PSG montou um cenário de aquecimento em campo e coordenou atividades dos jogadores nos vestiários. O retorno da partida, no entanto, jamais esteve perto, sem ninguém voltar a pisar em campo.