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Luiz Felipe se diz tranquilo com interesse do Barcelona: "Focado na Lazio"

Luiz Felipe marca Cristiano Ronaldo, durante a partida entre Lazio e Juventus - Claudio Villa/Getty Images for Lega Serie A
Luiz Felipe marca Cristiano Ronaldo, durante a partida entre Lazio e Juventus Imagem: Claudio Villa/Getty Images for Lega Serie A

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

06/05/2020 04h00

A pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) mexeu com o mercado da bola no futebol europeu. Ainda não se sabe se a janela de transferências no meio do ano será alterada e até quando os clubes poderão contratar. Em meio a isso, dois clubes viram suas atenções para a capital da Itália. Barcelona e Bayern de Munique estudam a contratação de Luiz Felipe, zagueiro brasileiro de 23 anos da Lazio.

Isolado em sua casa e se preparando para voltar aos treinamentos, o defensor, que defendeu apenas o Ituano como profissional no futebol brasileiro, se disse tranquilo com as especulações. "É claro que isso me deixa animado porque significa que o trabalho está sendo bem feito e que grandes clubes estão de olho, mas quem me conhece sabe que sou um cara tranquilo e não me empolgo com isso. Preciso continuar focado e pensando em fazer o melhor para a Lazio, que confiou em mim e me deu todo o suporte desde o meu primeiro dia".

No fim do mês passado, o UOL Esporte já havia mostrado que o Bayern de Munique havia entrado na disputa com o Barcelona pela contratação de Luiz Felipe. A pandemia, no entanto, atrasou os planos e impediu que os clubes apresentassem alguma proposta à Lazio.

"O momento é atípico e não sabemos o que irá acontecer nos próximos meses. Algumas ligas foram encerradas, outras estão negociando para ver quais serão as próximas medidas. É tudo muito difícil e acho que os clubes nem estão pensando muito em contratações. Neste momento, a prioridade é outra. Temos uma situação grave para ser resolvida", minimiza Luiz Felipe.

O Campeonato Italiano foi paralisado quando Lazio e Juventus disputavam ponto a ponto a liderança. O time de Luiz Felipe está na segunda posição, um ponto a menos que a rival, faltando 12 rodadas para o fim do torneio.

No último domingo (3), o governo italiano autorizou que os clubes voltassem a treinar, mesmo sem a certeza de que o torneio nacional será reiniciado. Ontem (5), Juventus e Milan já retomaram suas atividades.

"Todo jogador quer jogar. É o nosso trabalho, nosso ganha-pão. É o que a gente ama e sabe fazer. É claro que eu gostaria de jogar, entrar em campo e voltar a disputar o título do Italiano, mas não podemos ignorar o que está acontecendo. Se as autoridades de saúde afirmarem que a gente pode voltar ao trabalho, será perfeito, mas temos que retornar com segurança. O futebol, assim como outros esportes, envolve muita gente e todos possuem familiares, amigos, e não é tão simples. A saúde coletiva está acima de qualquer coisa", prosseguiu Luiz Felipe.

Nas respostas dadas ao UOL Esporte por meio de sua assessoria de imprensa, Luiz Felipe ainda falou sobre o treinamento durante a quarentena e o sonho de disputar os Jogos Olímpicos, que foram adiados para 2021, e a Copa do Mundo de 2022.

UOL Esporte: Como tem sido esse período sem futebol para você? Tem conseguido se exercitar?

Luiz Felipe - Esse momento está sendo bem complicado. É uma situação que ninguém estava acostumado ou preparado para enfrentar e para nós, jogadores, não é diferente. A gente tem uma vida bem corrida, com muitas viagens, treinos ao ar livre e a nossa ferramenta de trabalho é o corpo. Não é fácil manter o nível e o bom condicionamento, mas eu recebo um cronograma semanal que o clube me passa, tenho o meu preparador físico particular e treino diariamente. Algumas vezes, mais de um período por dia.

Além do corpo, também é importante exercitar a mente porque você acaba pensando muitas coisas, mas o lado positivo de tudo isso é que estou conseguindo ficar bastante tempo com a minha família. Meu filho tem 1 aninho e não existe nada melhor do que poder ver o crescimento e a evolução dele. Isso me dá muita energia e ainda mais motivação para seguir firme e forte.

Today?s work out?? ?

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Você está em um dos países que mais sofreu com o coronavírus. Como foram esses últimos meses aí na Itália? Você chegou a pensar em retornar ao Brasil?

Luiz Felipe - Foi tudo muito complicado. Como era algo atípico, no início da pandemia, ninguém sabia, realmente, qual era o tamanho do problema. Dia após dia, o vírus foi infectando cada vez mais pessoas e quando todos se deram conta, o país já estava bem atingido. Muita gente perdeu familiares e pessoas queridas e a tristeza continua sendo muito grande. Foi tudo tão rápido que não pensei em voltar ao Brasil. É claro que a gente fica bem preocupado com as nossas famílias, nossos amigos, mas eu precisava cuidar da minha família e também tinha compromissos para cumprir no trabalho. Aos poucos, a pandemia está sendo controlada e acredito que o pior já passou. Temos que seguir firmes e respeitando as orientações das autoridades de saúde porque estamos no caminho certo. Se tudo continuar assim, acredito que, em breve, voltaremos à normalidade, com algumas restrições, claro.

Você foi convocado para os amistosos da seleção pré-olímpica, que acabaram não acontecendo por causa da pandemia. Como você viu o adiamento da Olimpíada? Disputá-la ano que vem faz parte dos seus planos?

Luiz Felipe - Pode ter certeza de que dois dos meus principais objetivos na carreira são representar o Brasil nos Jogos Olímpicos e na Copa do Mundo. E vou me esforçar ao máximo para conquistá-los, com muito respeito a todos os meus companheiros. Sobre o adiamento da Olimpíada, acho que foi a melhor decisão. Não sou especialista no assunto e acho que nem tenho competência para avaliar a situação, mas acredito que não havia uma decisão mais justa e saudável.

Nos últimos anos, vimos alguns brasileiros se naturalizarem italianos e jogarem pela seleção de lá, como Jorginho, Thiago Motta e o Amauri. Seria algo que você ainda cogitaria?

Luiz Felipe - Eu sou muito grato por tudo o que a Itália me deu. Desde os meus primeiros dias aqui, fui extremamente bem tratado por todos e só tenho elogios a fazer a todo mundo. Tenho um enorme carinho pela Itália, pelo clube, pelas pessoas, por tudo, mas decidi defender a seleção brasileira porque é o meu país.