Oito perguntas sobre o caso Ronaldinho ainda sem respostas convincentes

Conforme avançam as investigações sobre os documentos paraguaios falsos usados por Ronaldinho e Assis para entrar no Paraguai, o Ministério Público local efetua detenções, processa suspeitos e fica a cada dia mais perto de ter um desenho final de como funciona a máfia dos passaportes no país.

Ao mesmo tempo, no entanto, algumas perguntas continuam sem respostas convincentes.

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Confira abaixo as perguntas que estão no ar sobre o caso Ronaldinho:

1 - Ronaldinho e Assis não desconfiaram de receber um passaporte paraguaio, sendo que nunca moraram no país?

Um estrangeiro que pretende obter a nacionalidade paraguaia precisa primeiro passar por um processo chamado "radicação". Depois, já de posse da cédula de identidade local, ele precisa morar ao menos três anos no Paraguai para pedir a nacionalidade e o passaporte. Brasileiros que pedem nacionalidade paraguaia perdem a nacionalidade brasileira. Isso porque não há acordo em relação à dupla nacionalidade entre os países.

2 - Por que a empresária Dalia López deixou que um mecânico e um auxiliar de contabilidade cuidassem dos trâmites do passaporte de Ronaldinho Gaúcho e Assis?

A defesa de Iván Ocampo, o mecânico que atuou ativamente no processo de obtenção de documentos de identificação e passaportes falsos, diz que Dalia pediu sua ajuda pela relação de confiança que ambos têm. Também alega que seu cliente acreditava se tratar de documentos verdadeiros. O mecânico faz trabalhos pontuais para ela, de acordo com seu advogado. Ele pediu a colaboração de Sebastián Medina, seu amigo e auxiliar de contabilidade. Dalia convidou Ronaldinho para participar de ações de sua ONG.

3 - Como a empresária não desconfiou que os documentos paraguaios de Ronaldinho e Assis eram falsos, sendo que eles nunca moraram no país e que tudo ficou pronto em cerca de apenas um mês?

Os advogados da empresária afirmam que, se as autoridades do departamento de Imigrações deixaram o empresário Wilmondes Sousa Lira entrar no país com passaporte falso, que só foi descoberto depois, é plausível que ela também tenha se enganado. Lira tinha a missão de preparar a participação de Ronaldinho em eventos no Paraguai

4 - Por que o funcionário no departamento de imigração responsável por checar o passaporte de Ronaldinho e Assis não apreendeu imediatamente os documentos mesmo vendo que constava nacionalidade paraguaia para os irmãos, que nunca moraram no país?

Em investigação interna feita pelo Departamento de Imigrações do Paraguai, Jose Molina disse que ficou emocionado ao ver que se tratava do passaporte de Ronaldinho e que havia tanta gente por perto que parecia uma festa. Nesse cenário, ele alega ter se esquecido de reter os documentos e avisar a polícia na presença do ex-jogador e seu irmão. Molina só fez isso depois que Ronaldinho e Assis já tinham passado pelo controle.

5 - O mecânico e o auxiliar de contabilidade que afirmam ter cuidado dos passaportes de Ronaldinho e Assis alegam terem descoberto sobre a falsificação dias antes de os irmãos chegarem ao Paraguai. Por que, então, não pediram para a empresária comunicar o problema aos brasileiros e solicitar que eles não usassem os documentos paraguaios?

Geraldo Chamorro, advogado dos dois, diz não se lembrar se eles explicaram isso no depoimento prestado ao Ministério Público.

6 - Se as autoridades paraguaias foram avisadas que Ronaldinho e Assis tinham adquirido documentos paraguaios falsos, por que já não detiveram os irmãos no aeroporto?

Os ex-jogadores só foram abordados pela polícia depois que chegaram ao hotel.

7 - Por que, mesmo contando com recursos e profissionais à sua disposição, Assis e Ronaldinho não pediram para alguém de seu estafe checar se o trâmite para a obtenção dos passaportes era regular?

A defesa dos brasileiros alega que eles agiram de boa-fé.

8 - Por que Ronaldinho e Assis usaram documentos paraguaios se poderiam entrar no país com carteiras brasileiras de identidade?

Os advogados dos irmãos alegam que isso prova que eles acreditavam que a documentação era verdadeira.