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Athletico e Grêmio superam fase de briga e soco e definem vaga em parceria

Jogo no estádio Olímpico, em 2007 (foto), iniciou período de rivalidade com clima hostil entre Grêmio e Athletico - José Doval/Grêmio FBPA
Jogo no estádio Olímpico, em 2007 (foto), iniciou período de rivalidade com clima hostil entre Grêmio e Athletico Imagem: José Doval/Grêmio FBPA

Jeremias Wernek e Napoleão de Almeida

Do UOL, em Porto Alegre e São Paulo

04/09/2019 04h00

Athletico e Grêmio decidem hoje (4), em Curitiba, uma vaga na final da Copa do Brasil em clima amistoso. Os clubes já realizaram dois negócios na atual temporada e recentemente houve intercâmbio de informações sobre estrutura e formação de atletas. Cenário muito diferente do que era visto na década passada.

O jogo na Arena da Baixada está marcado para 19h (horário de Brasília). Com a vitória por 2 a 0 em Porto Alegre, o Grêmio pode até perder por um gol de diferença que vai à final. O vencedor do duelo em Curitiba enfrenta o ganhador do confronto entre Internacional e Cruzeiro.

A era de ânimos exaltados remete ao ano de 2007. Naquela temporada, o Grêmio empatou com o Athletico em Porto Alegre por 1 a 1 e dois jogadores do time paranaense saíram lesionados de campo. Alex Mineiro chegou a fraturar o rosto em lance com Tcheco e a diretoria rubro-negra à época acusou o meia de deslealdade. A posição esquentou o clima para o segundo turno do Brasileirão.

"Eu acertei o Alex em um lance em que ele veio por trás, ele deu um peixinho. A bola estava muito baixa, fui tirar com um chute forte e acabei atingindo o rosto dele. Acabou quebrando dente, nariz e face. Ficou dois ou três meses parado. Fui no hospital, mas ele estava na UTI. Liguei para ele. No outro ano ele foi jogar no Grêmio e a gente ainda pôde falar mais. Eu aleguei acidente de trabalho e ele aceitou. Ele não só entendeu como disse que era para eu ficar tranquilo. Ele viu que foi sem maldade. Como era o segundo jogo do Alex e o Atlético pagou caro, o Petraglia ficou muito nervoso e confundiu as coisas. No jogo da volta, ele jogou meu nome contra a torcida. Eu já tinha uma rivalidade sadia por ter jogado no Coritiba, mas entraram na pilha dele e virou uma guerra mesmo o jogo na Arena da Baixada", contou Tcheco em entrevista à rádio Transamérica.

Em 31 de outubro daquele ano, a equipe gremista levou 2 a 0 dentro da Arena da Baixada. Com provocações durante e depois da partida, houve troca de agressões entre jogadores no campo e no túnel de acesso ao vestiário. Funcionários e dirigentes dos clubes também se envolveram no empurra-empurra e o clima bélico se estendeu até o dia seguinte.

No aeroporto Afonso Pena, Paulo Pelaipe, então diretor de futebol do Grêmio e hoje dirigente do Flamengo, foi agredido e perdeu um dente. Dirigentes gremistas atribuíram o golpe a Mario Celso Petraglia, mas Pelaipe negou. Afirmou que havia sido alvo de seguranças do Athletico. Ainda assim, o cartola gaúcho registrou boletim de ocorrência.

Em 2018, nada de clima bélico. Em março, Grêmio e Athletico negociaram o empréstimo de Jean Pyerre. O meia, atualmente titular na equipe de Renato Gaúcho, havia decepcionado pelo desempenho e comportamento em meio ao chamado time de transição e estava em vias de ser emprestado. Aos olhos do Grêmio, a ida a Curitiba era ótima. O negócio caiu por terra, mas estreitou relações. O diálogo terminaria com os empréstimos de Madson e Thonny Anderson, do Grêmio para o Athlético, e na tratativa por Matheus Rosseto, do Athlético para o Grêmio, que não foi concretizada.

Os negócios se explicam pela visão das diretorias sobre o rival. A atual diretoria do Grêmio reconhece no Athletico virtudes e recebe de volta elogios pela evolução financeira e estrutural nos últimos anos. "É um clube que tem medidas de autossuficiência. Tem um perfil de atitude. Elas poderiam ser usadas em um conceito mais corporativo, mais amplo. O sucesso das negociações e resultados está na capacidade de consensuar as coisas. Mas o Athletico é um case de sucesso", disse Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio, ao UOL Esporte no início do ano.

Profissionais das categorias de base de Grêmio e Athletico já trocaram informações sobre processos e metodologia de trabalho com jovens. O CT do Caju, em Curitiba, é elogiado. A rede de prospecção gremista é vista como diferencial.

FICHA TÉCNICA
ATHLETICO X GRÊMIO

Data e hora: 04/09/2019 (quarta-feira), às 19h (horário de Brasília)
Local: Arena da Baixada, em Curitiba (PR)
Transmissão na TV: Globo (somente para PR e RS), Sportv e Premiere
Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães (RJ)
Auxiliares: Kleber Lucio Gil (SC) e Bruno Raphael Pires (GO)
Árbitro de vídeo: Braulio da Silva Machado (SC)

ATHLETICO: Santos; Khellven, Bambu, Lucas Halter e Márcio Azevedo; Wellington, Bruno Guimarães e Marcelo (Léo Cittadini); Nikão, Rony e Marco Ruben
Técnico: Tiago Nunes

GRÊMIO: Paulo Victor; Leonardo, Geromel, Kannemann e Bruno Cortez; Maicon (Rômulo), Matheus Henrique, Alisson, Jean Pyerre e Pepê; André
Técnico: Renato Gaúcho

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que informado anteriormente, o nome do técnico do Athletico é Tiago Nunes e não Tiago Santos. O erro foi corrigido.