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Tite "rasga" cartilha e acelera mudanças de olho em resultado na seleção

Luis ACOSTA / AFP
Imagem: Luis ACOSTA / AFP

Danilo Lavieri, Marcel Rizzo, Marinho Saldanha e Pedro Lopes

Do UOL, em Porto Alegre

28/06/2019 12h00

Depois da eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, Tite sofreu críticas pela fidelidade às próprias convicções. Demora em promover alterações na equipe, insistência com alguns jogadores, substituições consevadoras. Na Copa América, cada vez mais, o comandante brasileiro mostra que está disposto a "rasgar a cartilha" reagir mais rapidamente ao que acontece dentro de campo.

A primeira demonstração disso veio com as entradas de Everton e Gabriel Jesus como titulares na partida diante do Peru. Tite não hesitou em tirar do time Richarlison, um dos principais destaques na seleção no pós-Copa, e David Neres, para premiar a melhor fase de dois jogadores que iniciaram a competição no banco.

O treinador brasileiro não escapou de críticas mesmo assim. As substituições conservadoras no decorrer das partidas, geralmente promovendo saída e entrada de atletas de posições semelhantes, viraram ponto de questionamento. Tite se defendeu.

"Não tenho essa capacidade toda de tirar um volante, botar um meia, achar que vai te resolver como solução mágica. Se não tiver uma rotina, no momento de pressão é ruim. Sou incompetente se for isso" disse, em Salvador, no último dia 19.

Cerca de nove dias depois da declaração, Tite saiu do trilho usual para tentar mudar a seleção que empatava em 0 a 0 com o Paraguai. Com o fantasma dos pênaltis no horizonte - foi assim que os paraguaios eliminaram o Brasil nas edições de 2011 e 2015 da Copa América, as duas vezes nas quartas de final - o treinador ousou.

Willian entrou no lugar do volante Allan, e Paquetá no lugar de Daniel Alves. O meia do Milan, inclusive, ainda não tinha atuado na competição. Mesmo assim, foi acionado no momento mais dramático da seleção até agora. O comandante brasileiro explicou a troca em termos táticos: Willian entrou para atuar aberto pela direita, com Dani Alves caindo mais pelo meio para construir jogadas, sendo depois trocado por Paquetá.

"Quando vem o pênalti e a expulsão, tem que tirar vantagem de alguma forma. O que a gente fez? Quem ficou de ponta aberto passou a ser o Dani Alves, para ficar mais o Gabriel na área, para definição. Aí pensei que ali posso ter um jogador mais de velocidade, de lance pessoal, entrou o Willian, e o Dani vem para dentro, para articulação. Mesma coisa faz depois o Paquetá".

Com as alterações, Tite ainda testou alternativas. Durante parte do confronto, prendeu mais o volante Allan, permitindo a saída de Marquinhos para a armação da equipe. O zagueiro do PSG fez boa partida na função.

"O primeiro tempo foi de marcação muito forte, quando você acelera demais, normalmente no segundo tempo perde ritmo. Queria que mantivesse com acerto maior de passes, mesmo com esse gramado ruim. Uma saida melhor de trás, eles estavam liberando nossos dois zagueiros para construção. Então você prende o Allan, deixa a saída mais com o Marquinhos. O time passou a encontrar volume".

O Brasil pressionou muito o Paraguai no segundo tempo, finalizando a gol mais de 20 vezes, mas parou na própria imprecisão e em uma grande atuação do goleiro Gatito Fernandes. A vitória só veio nas penalidades, por 4 a 3.

Agora, a seleção segue para Belo Horizonte, onde enfrenta o vencedor de Argentina x Venezuela, às 21h30 da terça-feira, no Mineirão.