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Em crise, Fla vê pressão contra técnico crescer e pensa até em "Plano Abel"

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/09/2018 02h48

A eliminação para o Corinthians na Copa do Brasil foi mais um golpe duro no Flamengo que investe e acumula fracassos dentro das quatro linhas. Depois da derrota por 2 a 1 para o Alvinegro, a diretoria passou a ser ainda mais pressionada no que diz respeito ao técnico Maurício Barbieri. Com a crise instalada e apenas o Campeonato Brasileiro para tentar salvar a temporada, a cobrança é novamente por uma troca imediata no comando, panorama que já dura três semanas.

Os pares do presidente Eduardo Bandeira de Mello e do vice de futebol Ricardo Lomba se preocupam com os rumos do futebol e também com a eleição do clube em dezembro. Até por isso, defendem há algum tempo a contratação de um técnico experiente, capaz de sacudir os ânimos e ainda promover a busca pelo título do Brasileirão. É aí que entra o nome de Abel Braga.

Embora tenha a filosofia de não pegar trabalhos em andamento, ainda mais no término de uma temporada, o treinador nunca escondeu que agrada assumir o atual Flamengo. Ele já recusou o clube algumas vezes recentemente por estar com contrato em vigor junto ao Fluminense. Muitos apostam que pelas seguidas negativas, inclusive, não descartaria a possibilidade novamente. O problema está na delicada situação do Rubro-negro, enquanto o técnico aproveita a família e faz viagens com a mulher Cláudia.

Abel Braga - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Abel Braga é o favorito do vice de futebol e candidato Ricardo Lomba no Flamengo
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF
Abel é o nome favorito de Ricardo Lomba, candidato da situação na eleição e com quem possui boa relação. Só que o Flamengo tem apenas 12 jogos pela frente no ano e uma indefinição, já que não se sabe quem será o presidente do clube em 2019. Técnico de peso, Abel não firmaria um compromisso apenas até dezembro. Além de contar com o "sim" do comandante, seria necessário ao menos um contrato até o final do próximo ano para tentar fechar questão.

Desta forma, como ultrapassaria a atual gestão, Ricardo Lomba precisaria entrar em acordo com o opositor Rodolfo Landim, explicando a opção e sustentando que Abel iniciaria uma espécie de reformulação no elenco para a próxima temporada. Abelão também é um nome que agrada Landim, mas não o único. É Renato Gaúcho o favorito da chapa UniFla para assumir o cargo em 2019.

Não é simples fechar uma negociação com Abel e nem com qualquer outro profissional diante das circunstâncias. Aceitar um vínculo apenas até o final do ano é algo descartado pelos próprios dirigentes rubro-negros. Além disso, o presidente Eduardo Bandeira de Mello é sempre resistente ao processo de mudança no comando técnico. Foi assim em todas as trocas da gestão.

Tanto que houve cobrança forte após a derrota para o Internacional por 2 a 1. Os mais próximos queriam a substituição de Maurício Barbieri antes das semifinais da Copa do Brasil para que o time tivesse mais chances de conquistar um título de expressão. Bandeira bateu o pé. E a situação se arrasta por três semanas. O jovem técnico não tem tranquilidade para trabalhar, segue pressionado e questionado em quase todas as entrevistas sobre a permanência no cargo.

Só que agora o componente eleitoral cobra ainda mais uma decisão. Caso o futebol não conquiste o Campeonato Brasileiro, Ricardo Lomba terá dificuldades no pleito por conta da grande insatisfação nos bastidores do clube. A demora do Flamengo pode ter sido fatal no campo e fora dele. Talvez ainda dê tempo, mas o clima de "fim de festa" é a maior pedra no caminho do Rubro-negro.