Ex-lateral do Santos diz que juiz 'pede desculpa até hoje' por final de 95
O desempenho de Márcio Rezende de Freitas na decisão do Campeonato Brasileiro de 1995, entre Botafogo e Santos, ficou marcado para sempre na já encerrada carreira do árbitro. O gol impedido de Túlio (validado) e o tento anulado de Camanducaia (em posição legal) ainda estão na memória dos santistas, que viram o título ficar nas mãos dos cariocas após um empate por 1 a 1 no lotado estádio do Pacaembu – o Bota tinha vencido a partida de ida por 2 a 1.
Lateral esquerdo do Santos na época e um dos destaques do time liderado por Giovanni, o Messias, Marcos Adriano viveu dois momentos distintos: a tristeza pela perda do título foi contrastada com a conquista da Bola da Prata, premiação dada pela então revista "Placar", da posição. Em entrevista ao UOL Esporte, porém, ele conta que, para ele e muitos torcedores, o Santos é o legítimo campeão daquele ano.
“No Santos foi onde eu ganhei a Bola de Prata como melhor lateral esquerdo do Brasil. Eu tive uma fase maravilhosa lá. Só faltou o título de 95, mas a torcida do Santos considera aquele grupo de 95 como campeão porque, até hoje, o ex-árbitro Márcio Rezende pede desculpas pelo gol impedido do Túlio que ele errou. Ficou um negócio meio chato para ele e um negócio legal para gente. Consideram o melhor time do campeonato aquele Santos de 95... Muita gente diz isso, mas é lógico que botafoguense não vai dizer isso”, brinca.
Muller e Telê foram os responsáveis por chegada ao SP
Natural de Palmeira dos Índios (AL), Marcos Adriano deixou a cidade em 1987, junto da família, rumo à Mato Grosso do Sul. Lá, iniciou a carreira no Operário-MS e, em 1992, chamou a atenção do São Paulo depois de um vídeo visto por Telê Santana e uma ajudinha do atacante Muller que, assim como Marcos Adriano, passou pelo Operário no início de sua carreira.
“Eu sei que o Muller deu uma força lá no São Paulo e o seu Telê me pediu, aí eu ‘fui se embora’”, brincou. “O presidente do Operário, na época, tinha muita influência no São Paulo e até indicou o Muller para o São Paulo. Aí ele me indicou, o Muller deu uma força e caiu na boca dos dirigentes e do Telê. E naquela época era vídeo, pediram o meu vídeo e graças a Deus o seu Telê gostou. Só terminei o campeonato no Mato Grosso do Sul e fui para o São Paulo”, lembra.
A concorrência no São Paulo foi grande, mas Marcos Adriano teve a chance de comemorar inúmeros títulos e até de jogar como titular a segunda e decisiva partida da final da Copa Libertadores de 1993, contra a Universidad Católica, no estádio Nacional, em Santiago (CHI).
“Era seis jogadores em cada posição [risos]. O Telê botava todo mundo para jogar em tudo que era campeonato. Sempre todo mundo teve a oportunidade e eu, graças a Deus, tive a minha. Na Libertadores, o Telê me colocou em 93, mas nas outras competições eu estava no banco, como foi em 92. Foram três anos maravilhosos: eu ganhei duas Libertadores, Mundial, Recopa, dois Paulistas, Teresa Herrera e Ramón de Carranza, na Espanha”, conta.
Atuação inesquecível pelo clube de coração
Flamenguista desde pequeno, Marcos Adriano teve a oportunidade de atuar pelo clube de coração em 1994. E até hoje não se esquece de uma atuação memorável: 5 a 2 sobre o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. Um dos gols foi dele. “Esse jogo foi um dos melhores da minha carreira vestindo a camisa do Flamengo”, recorda o ex-lateral, que ainda passou por clubes como Atlético-MG, Atlético-PR, Santa Cruz e Fortaleza, entre outros.
“Com todo respeito a todos, eu sou flamenguista [risos], desde a infância. Na família tem um bocado de flamenguistas, também tem são-paulino, santista, aí divide pelos clubes que eu joguei, mas o Flamengo sempre foi o meu time de coração”, acrescenta Marcos Adriano, que hoje vive em Palmeira dos Índios (AL) e faz parte da seleção brasileira de futebol Masters.
“Eu estou na seleção de Masters com o Zenon, Viola, Ronaldão... são muitos jogos beneficentes, e inclusive o próximo vai ser na minha cidade, Palmeira dos Índios, em setembro. Vamos ver com o prefeito. Eu ainda fui comentarista esportivo da Rádio Sampaio aqui também... Hoje eu estou tranquilo, só esperando a seleção brasileira de Masters”, completa o ex-lateral.
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