Brasil quase triplica contratações de técnicos estrangeiros depois do 7 a 1
Bola da Vez no Corinthians, o colombiano Reinaldo Rueda pode ser o novo capítulo de uma história que vem ganhando corpo desde a Copa de 2014. Depois do 7 a 1, o número de treinadores estrangeiros nos principais clubes brasileiros praticamente triplicou e segue crescendo, ainda que o movimento não tenha rendido grandes frutos concretos.
O levantamento feito pelo UOL Esporte levou em conta a lista de treinadores que passaram pelos 12 principais clubes do país nos últimos dez anos. Ao todo, são sete estrangeiros no comando de alguma potência nacional, sendo que só Jorge Fossati, no Inter, e Ricardo Gareca, no Palmeiras, chegaram antes do 7 a 1. Depois deles vieram Juan Carlos Osorio e Edgardo Bauza (São Paulo), Diego Aguirre (Inter e Atlético-MG) e Paulo Bento (Cruzeiro). Hoje técnico do Nacional de Medellín, Rueda pode ser o oitavo desde 2006.
“A derrota do Brasil no Mundial pode ter afetado para que depois tenham mais treinadores que o habitual. Não é comum que no Brasil vão treinadores estrangeiros como nos últimos anos. Pode estar relacionado”, disse Ricardo Gareca, que assumiu o Palmeiras pouco antes da Copa, não encaixou o time e foi demitido após uma longa série sem vencer.
A pressão sobre medalhões como Luiz Felipe Scolari pode ter ajudado, direcionando a opinião pública e os dirigentes a olharem com mais carinho para os vizinhos. O São Paulo, por exemplo, chegou a colocar um treinador estrangeiro como meta em 2015, quando demitiu Muricy Ramalho. "Eu queria trazer um técnico europeu para dar um choque de realidade. Eu lembro do Bela Guttmann [austro-húngaro que treinou o São Paulo nos anos 1950] na minha juventude. Falei com o Carlos Miguel [Aidar, então presidente do clube] e ele estava de acordo”, disse Ataíde Gil Guerreiro, à época diretor de futebol e um dos responsáveis pelas conversas que acabariam por trazer Juan Carlos Osorio e Edgardo Bauza ao clube.
O discurso de quem busca um “gringo” é sempre nesse tom: oxigenação do clube com uma metodologia diferente e saturação do mercado nacional. Agradar à torcida com a promessa do “fato novo” também turbina o pacote. Na semana passada, Flávio Adauto, diretor do Corinthians, disse ao Sportv que não conhecia o trabalho de Rueda, atual campeão da Libertadores com o Nacional. Só que os nomes brasileiros ventilados desagradaram a torcida e os mais desejados já haviam fechados com os rivais. Apostar no colombiano, neste contexto, pode ser a opção “menos pior”.
Os resultados dos estrangeiros, diga-se, não são desprezíveis. Diego Aguirre levou o Inter a uma semifinal de Libertadores, como fez Bauza com o São Paulo. Também no Morumbi, Osorio impressionou pelo bom futebol e formou o time que chegaria à competição continental.
É verdade que Gareca e Paulo Bento não deixaram saudade, mas nenhum colorado vai esquecer que foi Fossati quem montou o time que seria campeão da Libertadores em 2010. Demitido no meio de uma boa campanha no torneio, ele não associa o crescimento dos estrangeiros ao 7 a 1, mas aponta falhas no processo implantado pelos clubes e técnicos nacionais.
“Não creio em uma relação direta. O principal erro de muita gente no Brasil é que não se tem em conta de que no futebol não há uma só verdade. No Inter os jogadores estavam acostumados a um treinamento muito light, com pouco esforço, muito mais pensado na bola. Creio que foi um dos elementos que fizeram que alguns líderes do plantel se queixassem à diretoria. Tinha de perguntar a todos os brasileiros que jogam na Europa se lá Europa se treina mais ao estilo brasileiro ou se o alto rendimento diz que deviam usar outros caminhos?”, disse Fossati, citando Tite como exceção.
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