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Dunga quebra paradigmas e enfrenta pressões para escalar seleção

Danilo Lavieri

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

23/03/2016 07h00

Alguns o chamam de teimoso e cabeça dura. Outros afirmam que há um sintoma de inovação. O certo é que Dunga tem remado contra a maré e quebrado algumas tradições em muitos casos para a escalar a seleção brasileira. E tudo indica que ele seguirá na mesma estratégia para enfrentar as duas próximas rodadas das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, que será disputada na Rússia.

A começar pelo o que tem testado desde quando assumiu, logo após o vexatório 7 a 1 para a Alemanha sob o comando de seu antecessor, Luiz Felipe Scolari. O comandante aboliu o camisa 9 e fez alguns testes durante sua passagem. No treino de terça (22), no entanto, mostrou que deve encarar o Uruguai novamente sem uma referência.

Fazendo isso, Dunga deixa de lado o último artilheiro do país, que foi Ricardo Oliveira, e Jonas, que é o atual dono da Chuteira de Ouro, que premia o atleta que mais gols tem na Europa. No lugar disso, escalará uma seleção com três atletas rápidos à frente: Neymar, Willian e Douglas Costa.

Outra tradição deixada de lada é que o goleiro precisa ser experiente. Quem se acostumou a ver Marcos em 2002, com título da Libertadores na carreira, Dida em 2006, após ter sido grande referência no Milan, Júlio César em 2010 e em 2014, após chegar a ser considerado melhor do mundo quando atuava na Itália, hoje assiste Alisson.

Destaque no Internacional, ele tem apenas 23 anos e admite que deve enfrentar o maior desafio de sua carreira ao tentar parar Suárez. Ele atuou contra a Argentina, mas não precisou parar Messi, que não esteve em campo. 

Mais um indicativo que o capitão do tetra enfrentará tradições será na escalação de Renato Augusto. Depois de optar pela China, o ex-corintiano virou alvo de críticas da imprensa, da torcida e de ex-jogadores. Para eles, o jogador tem todo o direito de querer aumentar sua conta bancária, mas deve entender que perderá espaço por deixar de lado o nível técnico do campeonato que disputará. O meio-campista discorda e diz que o futebol de seu novo país não para de crescer.

Outra pressão que Dunga sofre quase que diariamente é pela convocação de Thiago Silva. Eleito um dos melhores zagueiros do mundo pela Fifa na última eleição, ele segue fora da lista de Dunga após "falar muito". Reclamou de perder a faixa de capitão, não admitiu ter colocado a mão na bola na Copa América de 2015 e segue usando a imprensa para contestar os critérios do treinador.

O provável time titular de Dunga terá: Alisson; Daniel Alves, Miranda, David Luiz e Filipe Luís; Luiz Gustavo, Fernandinho e Renato Augusto; Willian, Douglas Costa e Neymar.