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Fã de Neymar, Son é unanimidade na Coreia e compete com fenômenos do K-Pop

, Julio Gomes, colunista do UOL e em Doha (Qatar)

05/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

Na conta do Instagram, com quase 10 milhões de seguidores, o difícil é encontrar uma foto "normal" no meio de tanta publicidade. Lá está ele, abraçado com Richarlison, após um jogo do Tottenham, comemorando alguma grande atuação. Nos comentários, o "Pombo" manda seu recado: "pru pru". Mais publicidades. E a celebração. A última postagem é de alegria. É a da classificação inesperada da Coreia do Sul para as oitavas de final da Copa do Mundo.

Son Heung-Min virou mais do que um jogador de futebol. Se no Brasil gostamos de chamá-lo de "Neymar coreano", pelos talentos futebolísticos e por ser a grande estrela no campo, possivelmente seja mais preciso falar que Son é o "Beckham coreano". O rapaz é a grande estrela publicitária do país e, entre tantas celebridades do K-Pop (o fenômeno musical coreano que arrebata o interesse de adolescentes mundo afora), Son é o único capaz de "unir" a Coreia.

É uma unanimidade - coisa que Neymar, por exemplo, não é. Son é amado por crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos, homens e mulheres, ricos e pobres. É solteiro, desejado, o filho perfeito, o marido sonhado, o ídolo ideal, o garoto-propaganda sem rejeição. Quando joga no Tottenham, é seguido por centenas de coreanos que mostram orgulhosamente a bandeira do país nas arquibancadas e por uma legião de jornalistas "setoristas" de Son.

"Ele é amado por todas as gerações", resume Sungmo Lee, jornalista da Coreia. "Ele é inteligente, muito simpático com as pessoas e está sempre sorrindo".

Todos os anos, a revista Forbes publica uma lista das 40 celebridades mais poderosas da Coreia do Sul. Em 2022, Son aparece na terceira posição, atrás apenas das bandas de K-Pop BTS e Blackpink. Ele ultrapassou Hyun-jin Ryu, outro fenômeno do esporte coreano, que joga da MLB, a liga norte-americana de baseball, há dez anos.

A explosão publicitária veio, como sempre, na esteira de feitos esportivos. Son foi cedo para a Alemanha, estreou na Bundesliga pelo Hamburgo aos 18, foi vendido ao Bayer Leverkusen e, em 2015, tornou-se o jogador asiático mais caro da história ao ser comprado pelo Tottenham por aproximadamente 25 milhões de euros. Já tem 96 gols marcados pelo clube inglês, jogou final de Champions League e ajudou a Coreia a ser medalhista de ouro nos Jogos Asiáticos em 2018 - uma história que ficou famosa por ele ter sido premiado com a dispensa do serviço militar obrigatório. Ele concluiria o treinamento em 2020, durante a pandemia, acabando entre os melhores recrutas.

Pela seleção, as frustrações foram a derrota na final da Copa da Ásia, em 2015, quando ele fez o gol de empate na final, mas a Coreia acabou perdendo o título para a Austrália na prorrogação. E a campanha nos Jogos Olímpicos no Rio, em 2016, que acabou nas quartas de final. Tropeços que passaram longe de arranhar a imagem de Son no país.

A vida relativamente "normal" que vive na Inglaterra seria impossível de ser replicada na Coreia, onde fãs chegam a rastrear os voos para esperá-lo aos milhares no aeroporto de Seúl.

"A Coreia não é só o Son", avisa Thiago Silva. "Todos conhecem a qualidade dele, a comissão técnica vai passar para a gente mais informações", opina Richarlison, o companheiro de clube.

Uma boa estratégia para pará-lo talvez seja deixar Neymar por perto. Son pode se distrair. Afinal, a idolatria pelo brasileiro é tão grande que em algum momento ele perguntou ao lateral Emerson Royal, do Tottenham, se ele achava que Neymar o conhecia. Son e Neymar tiraram uma foto juntos no amistoso que Brasil e Coreia disputaram em junho, com goleada brasileira por 5 a 1.

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