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Mais jovem, Mbappé iguala marcas dos maiores artilheiros em Copas do Mundo

Mbappé comemora gol marcado pela França contra a Polônia na Copa do Mundo do Qatar - FRANCK FIFE / AFP
Mbappé comemora gol marcado pela França contra a Polônia na Copa do Mundo do Qatar Imagem: FRANCK FIFE / AFP

Demétrio Vecchioli e Tales Torraga

Do UOL, em São Paulo

05/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

De um lado estava o maior artilheiro do futebol europeu nas últimas duas temporadas, uma máquina de fazer gols. Do outro, o homem que caminha para se tornar o maior artilheiro da história das Copas do Mundo. A facilidade com que Kylian Mbappé faz gols, na comparação com as dificuldades encontradas por Robert Lewandowski, só reforça como o francês é um atacante de outro patamar, que já aprendeu, aos 23 anos, como fazer a diferença no torneio mais importante do futebol mundial.

Com os dois gols que marcou no jogo de ontem (4) pelas oitavas de final da Copa do Qatar, Mbappé chegou a nove na carreira. Em meros 11 jogos, já igualou Messi, que precisou de 23 partidas para chegar a esta marca, e deixou para trás craques do quilate de Cristiano Ronaldo, Diego Maradona e Luís Suárez. Aos 23 anos, e com mais possíveis três jogos da Copa a fazer, o astro do Paris Saint-Germain faz por merecer ser considerado o grande nome do Mundial até aqui.

Depois de ser protagonista do título da França em 2018, o atacante do PSG vem conduzindo os franceses na busca pelo tricampeonato. São cinco gols em quatro jogos, só três deles como titular, apesar de não ser o centroavante da equipe, o jogador referência na área à espera das assistências de Dembelé, Griezmann, Theo Hernandez e outros. Na seleção francesa, esse papel é de Giroud, que tem três gols na Copa.

Mbappé tem sido escalado como atacante pela esquerda, com ampla liberdade para entrar na área. Até agora na Copa, fez dois gols de centroavante. Um, de cabeça, contra a Austrália. Outro, aparecendo no segundo pau para empurrar a bola com a coxa para dentro do gol. Contra a Dinamarca, foi assim que ele decidiu a partida.

Diante da Polônia, repetiu o que já havia feito contra os dinamarqueses, entrando na área pela esquerda. No jogo da primeira fase, o gol saiu depois de uma tabelinha com Theo. Ontem, foi pela mesma região do campo que ele fez o quarto gol dele na Copa. Szczesny esperou o chute cruzado, e ele veio no canto oposto, no ângulo. No quinto, mostrando seu enorme recurso, Mbappé inverteu. Abriu para a perna direita e meteu no ângulo mais distante.

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Telão do estádio Al Thumama sinaliza gol de Mbappé pela França contra a Polônia
Imagem: Alex Grimm/Getty Images

E na história?

O desempenho de Mbappé em Copas já está à altura dos dois maiores artilheiros da história da competição, mas o francês deixa todos para trás em um item: a precocidade. E ela é que permite projetar que o trono do futebol mundial está ao alcance do furioso francês que detona as defesas com admirável facilidade.

Mbappé está com apenas 23 anos (fará 24 no próximo dia 20), e há uma incrível coincidência dos seus números com os dois jogadores com mais gols em Copas, o alemão Miroslav Klose (16 gols no geral) e o brasileiro Ronaldo (15 tentos marcados).

Os três rigorosamente empatam no número de jogos que levaram para alcançar os 9 gols que Mbappé atingiu hoje: além do francês, são 11 partidas também para Klose e Ronaldo.

Ronaldo, porém, tinha 25 anos neste seu 11º jogo, na Copa de 2002, e Klose já estava com 28 anos ao completar 9 gols e 11 jogos, no Mundial que disputou em casa, em 2006, na Alemanha.

Comparado a Pelé pela precocidade na campanha do título francês em 2018, quando tinha apenas 19 anos, Mbappé continua sustentando debates que o colocam ao lado do maior camisa 10 de todos os tempos

O "Rei" do Futebol, que atravessa um delicado momento de saúde, tinha dois títulos em Copas com apenas 21 anos, conquistados nas edições de 1958 e 1962. Mbappé está na briga pelo seu segundo título aos 23, e seu desempenho será debatido nas rodas de apaixonados no mundo todo daqui em diante por um simples motivo.

Pelé, no bicampeonato do Brasil, em 1962, atuou em apenas duas partidas, até sair machucado no jogo contra a Checoslováquia, ainda pela primeira fase.

Mbappé, caso chegue ao bi neste ano, será muito provavelmente na condição de protagonista nas duas campanhas, algo que nem Pelé obteve no princípio da sua carreira tão gloriosa.

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Mbappé e Pelé
Imagem: Reprodução/Instagram

O 'ET' que veio antes de Mbappé

É claro que a projeção de Mbappé no desempenho com Pelé ainda tem capítulos a escrever, mas um jogador do passado que parece inalcançável é o também francês Just Fontaine (nascido em Marrocos, na época colonia francesa), que marcou simplesmente 13 gols em apenas uma Copa, a de 1958, quando a França foi eliminada na semifinal, justamente para o Brasil de Pelé.

A média de Fontaine foi de espantosos 2,17 gols por jogo (13 tentos marcados em 6 jogos na campanha de 1958, recorde numa única edição). Outro exemplo de goleador desses tempos é o húngaro Sándor Kocsis, de 11 gols em 5 jogos na Copa do Mundo de 1954, na Suíça.

Além da questão geracional, tanto Fontaine quanto Kocsis ficaram relegados ao passado porque disputaram apenas uma Copa do Mundo, cada um. Mbappé já participa da sua segunda, apesar de ainda estar no começo de uma carreira que é cada vez mais fora do comum.

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