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Desligou no fim de semana? Entenda o caso de Gilberto Gil na Copa do Qatar

Do UOL, em São Paulo

28/11/2022 04h00Atualizada em 28/11/2022 05h40

Classificação e Jogos

O cantor Gilberto Gil, 80, está no Qatar para acompanhar a Copa do Mundo, mas virou o personagem do fim de semana após ser atacado por um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) na vitória do Brasil sobre a Sérvia, por 2 a 0, no estádio Lusail Iconic.

Enquanto andava com sua esposa Flora Gil pelo Lusail, o artista foi insultado por bolsonaristas, entre eles o empresário Ranier Lemache. Na ocasião, Gil não respondeu ao ataque, tirou foto com um fã e foi embora. O deputado federal André Janones (Avante-MG), integrante do governo de transição do presidente eleito Lula (PT), foi o responsável por compartilhar o momento em seu Twitter.

Apesar de não reagir ao episódio, Gilberto Gil e sua família contam com uma equipe de advogados que está tentando identificar todos os envolvidos nas ofensas. Nem as autoridades do Qatar nem a organização da Copa foram formalmente acionadas sobre o tema, de acordo com uma pessoa da equipe de Gil.

De acordo com o artigo 329 do Código Penal do Qatar, os brasileiros responsáveis pelo ataque ao artista podem pegar até um ano de prisão. A lei de 1971 (com emendas de 2004) estipula também a possibilidade de multa para quem ofender outra pessoa em público.

O Código Penal qatari considera crime "insultar um terceiro em público, endereçando-lhe palavras impróprias que afetem sua honra e dignidade". A pena, segundo a lei, é de "até um ano de prisão e uma multa de até 5 mil riais qataris, ou uma das duas penalidades". Na conversão atual, o valor da multa equivale a R$ 7,4 mil.

O ataque

Gilberto Gil - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Gilberto Gil (de azul) foi alvo de bolsonaristas durante Brasil x Sérvia
Imagem: Reprodução/Twitter

Reconhecido por bolsonaristas no estádio Lusail enquanto acompanhava a vitória do Brasil sobre a Sérvia, Gilberto Gil foi alvo de ironias e insultos.

"Vamo, Bolsonaro. Vamo, Lei Rouanet", iniciaram alguns em tom de ironia enquanto o cantor caminhava em direção às arquibancadas do Lusail.

Pouco depois, os bolsonaristas passaram na frente e "chamaram" Gil para se encaminhar às cadeiras. O ex-ministro da Cultura no governo Lula (2003-2008) parou para tirar foto com um fã e não respondeu.

No vídeo, é ouve-se as frases: "Vem, vem. Você ajudou o Brasil pra c...". "Vamo lá. Vai lá". "Valeu, Lei Rouanet". "Obrigado, filho da p...".

Pronunciamento de Gil

Ontem (27), o cantor usou suas redes sociais para agradecer o apoio que recebeu após os ataques, os quais classificou como "coisa estúpida". Ele disse que a revolta dos bolsonaristas nada mais é que um "terceiro turno" das eleições, com os "inconformados querendo manter essa coisa do ódio".

"Nossos agradecimentos, meus, da Flora, por essa solidariedade, essa corrente solidária, diante dessa agressão, essa coisa estúpida. É o terceiro turno na verdade, né, os inconformados querendo manter essa coisa do ódio, da agressividade, e amanhã Brasil de novo", disse Gil.

"De novo, nossos agradecimentos, meus e da Flora, a todos vocês que se fizeram solidários conosco nesse episódio que, na verdade, é mais um dessa sequência do ódio, que essa coisa que eles gostam de fazer. Muito obrigado a todos vocês e bom jogo para o Brasil amanhã", complementou.

Versão do acusado

Apontado como um dos bolsonaristas que hostilizaram Gilberto Gil, Ranier Lemache —que aparece de costas vestindo uma camisa da seleção com o nome "Papito Rani"— é franqueado da Domino's e admitiu que esteve com o grupo, mas negou que tenha ofendido o artista.

"Estão veiculando a minha imagem [a] essa ofensa, o que não é verdade. Basta ver o vídeo que foi publicado e espalhado nas redes sociais para ter certeza que a ofensa não foi dita por mim. Não era o momento, tampouco o local adequado, mas as duas únicas frases ditas por mim foram: 'Vamos, Bolsonaro' e 'Você ajudou o Brasil para caralho'", informou um trecho do comunicado publicado por Ranier.

"Outra pessoa que estava atrás de mim extrapolou e desferiu um xingamento ao Gilberto Gil. Entretanto, repita-se, não foi eu! Inobstante a minha divergência aos ideais políticos do Gilberto Gil, reitero o mais absoluto respeito que tenho ao nobre artista, porém, deixo claro novamente que a ofensa/xingamento não foi por mim proferido", completou o empresário.

Domino's se manifesta

A rede de pizzaria Domino's se solidarizou com Gilberto Gil após o franqueado Ranier Lemache confirmar que participou da hostilização ao artista de 80 anos.

"A Domino's Pizza Brasil repudia toda forma de violência e esclarece que atitudes individuais de seus franqueados não refletem o posicionamento da marca, por isso, apura o caso com toda seriedade. A companhia se solidariza com Gilberto Gil e sua esposa pelo constrangimento que sofreram no Qatar", publicou a rede de pizzaria.

Comoção nacional

Gil e Caetano - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Gilberto Gil faz homenagem para o aniversário de 80 anos de Caetano Veloso
Imagem: Reprodução/Instagram

O episódio gerou uma onda de apoio ao cantor. Nomes como Preta Gil, filha de Gilberto, Caetano Veloso e Daniela Mercury usaram suas redes sociais para demonstrar indignação sobre o ocorrido na capital do Qatar.

"Meu irmão na música e na vida foi injuriado por bolsonaristas no Qatar. Ele tem 80 anos e estava com sua esposa. Quero prestar solidariedade ao gênio Gil e dizer que nós, os artistas, assim como a verdadeira sociedade, esperamos que os criminosos sejam punidos", escreveu Caetano Veloso no Twitter.

"Vagabundos bolsonaristas atacaram e ofenderam Gilberto Gil no Qatar. Minha solidariedade ao mestre Gil. Vai passar!", publicou Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal.

O presidente eleito Lula e a futura primeira-dama, Janja, também utilizaram as redes sociais para prestar solidariedade a Gilberto Gil.

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