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Portugal brilha sem CR7: craque não é unanimidade às vésperas da Copa

Caio Blois

Colaboração para o UOL, em Lisboa (Portugal)

18/11/2022 04h00

Classificação e Jogos

Muito mais pelo baixo rendimento do que pelas polêmicas extracampo, Cristiano Ronaldo já não é mais unanimidade nem mesmo em Portugal. No último teste antes da Copa do Mundo, contra a Nigéria, o técnico Fernando Santos realizou o desejo de seus críticos de ver a seleção em campo sem CR7. A vitória por 4 a 0 parece dar razão a eles.

Desde o início do amistoso em Lisboa, no José Alvalade, casa do Sporting, onde Ronaldo começou a carreira, a equipe fez um jogo menos amarrado que de costume. Mesmo com time misto, a seleção se impôs à fraca Nigéria, comandada pelo português José Peseiro.

Seja em campo ou fora dele, Portugal mostra que Cristiano Ronaldo não é mais uma unanimidade.

A festa para outros jogadores e o bom desempenho sem um jogo voltado para o camisa 7 são provas irrefutáveis de que o egocêntrico craque não enxerga que já deixou de representar o que foi.

"É igual. A seleção de Portugal é boa com Ronaldo ou sem Ronaldo. Temos grandes jogadores, somos grandes e não muda nada na equipe", afirmou Otávio, antes de elogiar o craque: "Claro que ele é um dos melhores do mundo, se não for o melhor do mundo, mas quem entrar vai dar conta do recado", finalizou o brasileiro naturalizado português ao UOL, na zona mista.

Cristiano Ronaldo durante treino da seleção de Portugal - Gualter Fatia/Getty Images - Gualter Fatia/Getty Images
Cristiano Ronaldo durante treino da seleção de Portugal
Imagem: Gualter Fatia/Getty Images

Fato é que a segunda parte da entrevista de CR7 fez cair por terra o discurso que imperava até então: que o craque não falara na seleção, e por isso, o assunto não competia aos companheiros e ao treinador Fernando Santos.

"É sempre minha a culpa, o problema sou sempre eu. Como se eu fosse a ovelha negra. Se fazes bem ou mal, vão sempre fazer alguma crítica. Até na seleção, nos últimos três meses, a critica foi tão má, não só pelo lado do futebol, mas pelo lado profissional e familiar", afirmou.

Na coletiva após o jogo, o técnico desconversou.

"Não me parece que isso seja realmente importante. Isso não chega à seleção, não está aqui dentro. É o desabafo de um homem. Esta entrevista é de um homem, não é de um jogador", disse. O mesmo discurso foi repetido na zona mista por Otávio e Bruno Fernandes.

Em campo, ataque flui bem

Sem Cristiano Ronaldo, coube a André Silva comandar o ataque. Com a camisa 9 nas costas, o atacante do Red Bull Leipzig decepcionou, como vem fazendo na atual temporada da Bundesliga.

Em compensação, Bernardo Silva e Bruno Fernandes tiveram mais espaços e mostraram porque são, hoje, as referências técnicas da equipe, embora o cinco vezes melhor do mundo ainda seja o centro das atenções. O camisa 10 comandou a equipe, enquanto o meia do Manchester United marcou duas vezes.

O melhor, entretanto, foi João Félix. Esnobado por Diego Simeone no Atlético de Madri mesmo sendo a contratação mais cara da história do clube, o camisa 11 viveu grande noite em Alvalade. Se não balançou as redes, todos os quatro gols portugueses nasceram em seus pés.

Foram 90 minutos de torcida incessante para o Golden Boy de 2019, que assim como em Madri, também não recebe muitas chances como titular na seleção de Portugal.

Bastava a bola chegar em seus pés que a torcida se levantava em aplausos e gritos. Com maioria de "adeptos" do Benfica mesmo na casa do arquirrival Sporting, aumentou o carinho por Félix, criado no Seixal, onde ficam as instalações das divisões de base dos Encarnados. Solto no ataque também pela ausência de Cristiano Ronaldo, Félix esteve em seus melhores dias.

"É uma maneira diferente de jogar, tenho mais liberdade aqui, posso estar em todo o lado do campo, todos na frente são muito móveis, combinamos todos muito bem. A dinâmica é muito boa e quando assim é a equipe que sai beneficiada", afirmou, na zona mista.

Quem deve ser o 'camisa 9' da seleção brasileira na Copa do Mundo?

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