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Zerada, defesa do Uruguai repete 2010 e reforça status de "melhor do mundo"

O zagueiro Diego Godin é o capitão do time e o grande pilar do sistema defensivo uruguaio  - AFP PHOTO / EMMANUEL DUNAND
O zagueiro Diego Godin é o capitão do time e o grande pilar do sistema defensivo uruguaio Imagem: AFP PHOTO / EMMANUEL DUNAND

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

25/06/2018 20h00

Luis Suárez e Edinson Cavani são, sem dúvidas, as grandes estrelas de um forte Uruguai que fez campanha impecável na primeira fase da Copa do Mundo de 2018. Foram três jogos e três vitórias, algo inédito para o país na competição. Mas foi graças ao eficiente sistema defensivo montado por Óscar Tabárez e uma reconhecida dupla de zaga com Diego Godín e José María Gimenez que a Celeste quebrou outra marca histórica.

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Desde a Argentina no Mundial de 1998, na França, nenhuma outra seleção conseguiu passar da fase de grupos com 100% de aproveitamento e sem nenhum gol sofrido. A Croácia ainda tem seu terceiro jogo, contra a Islândia, para igualar o feito. Os uruguaios derrubaram esse tabu com dois triunfos por 1 a 0, sobre Egito e Arábia Saudita, e um por 3 a 0, sobre a Rússia, que assegurou a vaga nas oitavas de final como primeiro colocado para encarar Portugal, às 15h de sábado, em Sochi.

A organização defensiva sempre foi notável na gestão de Óscar Tabárez, desde 2006 à frente da seleção. Nas laterais, fazia questão de ter um jogador mais ofensivo de um lado e outro mais livre do outro. Há ainda a confiança plena em Fernando Muslera no gol, ainda que sua carreira de clubes tenha Lazio e Galatasaray como grandes momentos. E, claro, entra aí a força dos zagueiros. 

Óscar Tabárez comanda o Uruguai pela quarta Copa: 1990, 2010, 2014 e 2018 - Matthias Hangst/Getty Images - Matthias Hangst/Getty Images
Óscar Tabárez comanda o Uruguai pela quarta Copa: 1990, 2010, 2014 e 2018
Imagem: Matthias Hangst/Getty Images

A fórmula de Tabárez se repete há anos. Um defensor mais físico, que pode sair à caça de atacantes mais rápidos, e um mais experiente, com melhor leitura de jogo para coberturas e mais força para duelar com centroavantes pesados. Foi assim quando o jovem Diego Lugano virou titular ao lado do veterano Andrés Scotti.

Com o passar do tempo, Lugano se transformou no medalhão e passou a ter Godín como companheiro e jogador mais móvel. Godín é titular do Atlético de Madrid há oito temporadas e símbolo do trabalho de Diego Simeone, considerado um dos melhores técnicos do mundo justamente pela capacidade de organizar defesas.

Godín se acostumou a enfrentar os melhores atacantes do planeta na Espanha. O amigo Suárez, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo estão entre eles. E, nas últimas cinco temporadas, vem ajudando a moldar seu novo parceiro de seleção e sucessor de Lugano. Ainda na Copa de 2014, Gimenez se tornou titular da seleção e despontou no Atlético de Madrid. A Celeste comemorou, afinal, entrosamento não faltará para a dupla.

Com dois zagueiros tão badalados e atuando em alto nível, Tabárez resolveu até arriscar nesta Copa. Na estreia, escalou time mais ofensivo, sem nenhum volante de mais marcação. Matías Vecino e Rodrigo Bentancur eram, teoricamente, os atletas mais defensivos, mas têm características de armar o jogo e nem tanto de trazer pegada à equipe. 

A imprensa uruguaia não gostou do que viu contra o Egito. As críticas eram justamente sobre uma suposta moleza no meio de campo. No segundo jogo, contra os sauditas, a solução foi trocar os meias. Sem Nahitan Nández e Giorgian De Arrascaeta, a aposta foi nos veteranos e mais físicos Cristian Rodríguez e Carlos Sánchez. O vigor apareceu, mas novamente a Celeste ficou aquém do esperado. 

Gimenez marcou o primeiro gol do Uruguai nesta Copa, na vitória sobre o Egito na estreia - Getty Images - Getty Images
Gimenez marcou o primeiro gol do Uruguai nesta Copa, na vitória sobre o Egito na estreia
Imagem: Getty Images

A melhor atuação foi diante da Rússia, já com menos pressão, ainda que estivesse em jogo a primeira posição do Grupo A. Tabárez até preservou Gimenez, dando oportunidade a Sebastián Coates ao lado de Godín. Também fez troca nas laterais, deixando Martín Cáceres, mais defensivo, na direita, e lançando Diego Laxalt, mais ofensivo, na esquerda. O que fez toda a diferença, no entanto, foi a entrada de Lucas Torreira.

O volante baixinho é do estilo "cão de guarda", mesmo que tenha boa saída de bola. Sua presença à frente dos zagueiros fez com que Vecino e, principalmente, Bentancur rendessem mais. Suárez foi outro afetado, diminuindo a necessidade de voltar para marcar. 

A entrega, o espírito de "dejar todo en la cancha" e "alma charrúa" também são levados em conta para esse sucesso defensivo do Uruguai. A postura aguerrida já havia sido marca da bela campanha na Copa de 2010, na África do Sul, quando os celestes também passaram sem gols sofridos pela primeira fase. A diferença hoje está no que a seleção é capaz de fazer com a bola.

Compartivo: Uruguai x Croácia

Essas são as duas únicas seleções com 100% de aproveitamento e nenhum gol sofrido até aqui. Os croatas, porém, só farão o terceiro jogo nesta terça-feira, quando enfrentam a Islândia, às 15h, pelo Grupo C. Abaixo, listamos algumas estatísticas para comparar o desempenho defensivo desses times:

Desarmes
Uruguai 24x29 Croácia

Roubadas de bola
Uruguai 10x7 Croácia

Rebatidas
Uruguai 54x51 Croácia

Disputas vencidas pelo alto
Uruguai 40x23 Croácia

Recuperações de posse
Uruguai 131x77 Croácia

Defesas do goleiro
Uruguai 7x5 Croácia

Bloqueios da defesa
Uruguai 12x16 Croácia

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