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"Geração belga" desabrocha de vez e joga o melhor futebol da Copa

Os belgas somam sete gols marcados e apenas um sofrido após duas rodadas da Copa do Mundo - Shaun Botterill/Getty Images
Os belgas somam sete gols marcados e apenas um sofrido após duas rodadas da Copa do Mundo
Imagem: Shaun Botterill/Getty Images

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/06/2018 11h00

Quando os elogios à "promissora geração belga" começaram a chegar ao público comum, meses antes da Copa do Mundo de 2014, muita gente quis tirar a prova. E o desempenho travado no Mundial do Brasil, marcado por floreios e preciosismo, fez com que a expectativa anterior se tornasse chacota. Apostar na Bélgica deixou de ser algo "hipster" para ser acusado de algo "nutella". 

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Só que, quatro anos depois, a geração que não é mais só promissora resolveu dar as caras. Saiu o time indolente e prepotente, entrou uma equipe mais organizada e objetiva, treinada pelo espanhol Roberto Martínez. A goleada por 5 a 2 sobre a Tunísia neste sábado ainda serviu para consolidar os europeus como a melhor seleção após duas rodadas na Copa da Rússia.

Ninguém foi mais consciente de suas ações, ninguém apresentou repertório tão vasto e ninguém conseguiu ser tão letal como a Bélgica. A classificação próxima para as oitavas de final é o prêmio para quem melhor encarou as tão frequentes retrancas neste Mundial. Talentos individuais e, enfim, um senso coletivo que podem inverter os papéis de quem tira onda e quem se envergonha com as piadas sobre a "geração".

O primeiro gol sofrido foi de bola parada e saiu logo após o segundo tento ser marcado diante da Tunísia. O segundo foi nos acréscimos, depois de abrir 5 a 1. Ou seja, breves momentos de desconcentração e relaxamento de um time que passa muito tempo com a bola sob controle, mas que não aceita passividade. As decisões e os toques são rápidos, tirando os defensores do lugar e abrindo espaço para trocas de posição e infiltração.

Antes que o nível dos dois primeiros adversários seja questionado, é preciso lembrar como outras seleções do primeiro escalão têm suado nesta Copa. A própria Tunísia fez jogo parelho com a Inglaterra, flertando com uma vitória de virada, mas castigada no fim com a derrota. Até no embate com os belgas neste sábado os africanos mostraram boa capacidade técnica.

A Bélgica é o time que mais se aproximou do "mundo ideal" de um futebol mais agressivo e ofensivo até aqui. A Rússia, com campanha parecida - oito gols marcados, um sofrido e 100% de aproveitamento -, mas aposta em estilo mais reativo. O posicionamento é mais cauteloso, com aposta em contragolpes muito rápidos e diretos. Os belgas são mais completos.

Os passes são sempre verticais, quem tem a bola invariavelmente tem mais de uma opção para tabelar e os astros têm conseguido decidir. Eden Hazard já tem dois gols e parece que nunca está marcado com o cuidado devido. Kevin De Bruyne ainda não foi decisivo como pode, mas já tem duas assistências espetaculares na Copa. Sem falar no artilheiro Romelu Lukaku, empatado com Cristiano Ronaldo com quatro gols.

Em 2014, foram apenas seis gols em cinco partidas da Bélgica, que terminou sua trajetória nas quartas de final, eliminada para a Argentina. Agora já são oito, acompanhados de um futebol muito melhor e mais seguro. E, até aqui, sem os antigos sinais de empáfia. Para quem ainda crê em exageros, a primeira fase proporcionará mais um teste: o embate com a Inglaterra, às 15h da próxima quinta-feira.

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