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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A burca, a chuteira verde e a milícia da madrugada

Atacante Jô, do Corinthians, em ação contra o Bahia: chuteira azul ou verde? - MAURICIA DA MATTA/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Atacante Jô, do Corinthians, em ação contra o Bahia: chuteira azul ou verde? Imagem: MAURICIA DA MATTA/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

21/06/2021 16h24Atualizada em 21/06/2021 16h24

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O futebol é mais que amor. É paixão desenfreada. É loucura. E pode levar a gestos e situações que, normalizadas em seu contexto, seriam rejeitadas pela cidadania em outros.

Uma mulher pode ser punida em alguns países por não usar burca.

Um homem é punido no Brasil por usar chuteira verde.

Exagero? Tem diferença?

Tem.

A punição da mulher sem burca é embasada em alguma coisa. No Alcorão. Nas determinações dos líderes religiosos.

A punição de Jô não é embasada em nada. Se ele for à Justiça, ganha a causa.

A tradição recomenda que não use. A tradição proíbe mulheres de dirigirem carros em alguns países.

Mas há o bom senso.

Jô sabia que teria problemas em usar chuteira verde? Ou azul-turquesa que parece verde? Sabia sim. Em um caso ou outro. Mas os outros sabiam também. Treinador, dirigentes, roupeiros, empresário de Jô.... Ninguém avisou?

Algumas perguntas:

O Jô de 2017 seria punido?

O clube deve salários a Jô?

Ele foi punido quando rompeu o protocolo sanitário e, em tempo de Covid, foi para um resort sem usar máscara? Quando havia um surto no clube?

Tudo poderia ser resolvido agora com uma conversa, com uma advertência, mas a diretoria joga para a torcida.

O time está ruim?

Mete uma multa na mulher sem burca, opa, no homem de chuteira verde.

E o que significa essa milícia de torcedores na madrugada perseguindo jogadores irresponsáveis? Que vida triste e vazia.

Viu? Fotografa e manda pro clube. Seja X-9, não seja agressor.

Se continuar assim, com agressões, alguém vai, como Beija Flor, antigo repórter policial da Rádio Bandeirantes, vai ver o Sol nascer quadrado e tomar café na canequinha. E, com sorte, torcer, pelo rádio, para aquele cara que você agrediu na madrugada. Ou matou, sei lá. Ninguém sabe como termina uma escalada miliciana.