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Opinião

Crianças, apenas crianças

POR JOÃO BATISTA FREIRE*

Os assassinos de crianças palestinas não eram assassinos quando eram crianças; eram apenas crianças, tão inocentes quanto as palestinas que mataram.

Ninguém nasce assassino.

É uma coisa que se aprende aos poucos.

A formação de um assassino de crianças leva anos.

Não é feita nas escolas, embora o sistema regular de educação colabore quando não ensina que não se deve ser assassino de crianças.

Os assassinos de crianças palestinas matam uma criança a cada 12 minutos na faixa de Gaza.

Aprenderam a fazer isso por aí, naquela escola da vida que tanto ensina a amar como a matar.

Aprenderam com os governos, com os políticos, com os militares, com as famílias, com as igrejas, com as televisões, com os jornais, com os livros, com os esportes, com os games, com os amigos mais velhos, com o trânsito, com a vida enfim, porque a vida é isso, uma grande escola e a mais poderosa pedagogia que existe.

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As crianças assassinadas não poderão, um dia, ser assassinas ou salvadoras de vidas; serão, para sempre, apenas crianças.

*João Batista Freire é doutor em psicologia escolar pelo Instituto de Psicologia da USP.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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