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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Vai tirar o time da crise? Quem é o técnico que assume hoje o Boca Juniors

Jorge Almirón, técnico que será apresentado hoje pelo Boca Juniors - Divulgação Conmebol
Jorge Almirón, técnico que será apresentado hoje pelo Boca Juniors Imagem: Divulgação Conmebol

Colunista do UOL

10/04/2023 04h00Atualizada em 10/04/2023 10h37

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O Boca Juniors está com técnico novo: o argentino Jorge Almirón, de 51 anos, lembrado no Brasil por treinar o Lanús que perdeu a final da Libertadores de 2017 para o Grêmio.

Almirón será apresentado oficialmente hoje (10), mas ontem já esteve na Bombonera para ver, pela décima rodada do Campeonato Argentino, a surpreendente derrota por 2 a 1 dos reservas do Boca em casa para o Colón, que vinha na lanterna.

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Almirón ficou famoso no Lanús
Imagem: Diego Vara/Reuters

Escolha decepciona

O Boca negociou com Gerardo "Tata" Martino e José Pékerman, mas os dois veteranos negaram as propostas de Juan Román Riquelme, hoje vice-presidente do futebol xeneize e responsável pela definição do substituto de Hugo Ibarra, demitido há duas semanas.

A escolha por Almirón gerou decepção entre torcedores e dirigentes do Boca, que esperavam um técnico mais gabaritado.

O grande momento de Almirón foi justamente em 2017, com o Lanús que ganhou três títulos argentinos em oito meses e desbancou o River Plate de Marcelo Gallardo na semifinal da Libertadores repleta de erros de arbitragem, ainda nos primórdios do VAR.

O seu estilo de conduzir a equipe do goleiro Andrada, do volante Marcone e dos atacantes Sand e Acosta chamou sim muita atenção. Almirón acabou sendo indicado para técnico da seleção pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, mas quem acabou assumindo foi Jorge Sampaoli.

O curioso é que a carreira de Almirón, em vez de decolar depois disso, despencou.

Ele perambulou depois por Atlético Nacional, San Lorenzo, pelos árabes do Al Shabab e pelo Elche, da Espanha, e fracassou em todos, sem exageros.

Almirón teve segundas chances tanto no Lanús quanto no Elche, mas durou pouquíssimo em ambos. No Elche, por exemplo, acabou demitido em novembro do ano passado depois de apenas cinco jogos.

É um técnico com mais passado do que presente, e com poucas chances de mudar o caótico futuro da equipe.

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Benedetto abraça companheiros em gol do Boca na Argentina
Imagem: Divulgação CABJ

Tiro curto

A principal razão do seu acerto com o Boca são as eleições no clube, em dezembro. Seu contrato, por isso, tem validade curta, com a possibilidade de ser renovado mediante o pleito xeneize.

A escolha técnica de Riquelme por Almirón tem duas leituras.

A primeira é a facilidade do treinador em trabalhar com jovens. Sem dinheiro, o Boca não vai gastar em contratações, abrindo espaço para as suas divisões de base.

A segunda análise é que seu estilo preza pela posse de bola, bem ao gosto de Riquelme, irritado com a maneira de o antecessor Ibarra montar suas equipes, fechadas na defesa, apostando em lampejos dos atacantes Villa e Benedetto.

Almirón terá pouco tempo para se ambientar.

O Boca encara 12 jogos nas próximas cinco semanas, e precisa se recuperar. O clube vem na 12ª posição no inchado Campeonato Argentino de 28 clubes, e deixou má impressão na estreia da Libertadores, um 0 a 0 na Venezuela ante o desconhecido Monagas.

Por sorte, o grupo na competição continental é dos mais fáceis: o Boca enfrenta agora o Deportivo Pereira, da Colômbia, e depois o Colo-Colo, do Chile.