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Nadal cumpriu missão ao 'estar em quadra' em Barcelona

"Joguei e fui feliz em uma quadra e um torneio especial, um clássico e um torneio tradicional de nosso circuito. Um lugar, um clube que me viu crescer como jogador e onde tive tantas alegrias. Tudo tem um começo e um fim, e teria gostado de lutar mais uma vez pelo título. Dói, mas foi bonito poder jogar aqui. Hoje também. Muito obrigado por tudo, Barcelona."

Ao competir em Barcelona - e até ganhar uma partida - Rafael Nadal cumpriu a missão que estabeleceu para si mesmo esta semana. Sofrendo com uma lesão no abdômen desde janeiro e ciente de que seu corpo provavelmente não vai aguentar por muito mais a exigência do circuito, o espanhol só entrou em quadra porque era um torneio especial para ele. Cresceu como tenista lá. Foi campeão 12 vezes ali. A quadra principal tem seu nome.

Por tudo isso, Rafa quis e fez um esforço especial para entrar em quadra e competir diante de sua gente. Não foi do jeito que ele queria. Sabia que não tinha condições físicas para brigar pelo título. Sabia que, com o abdômen lesionado, não teria como sacar da maneira ideal. Sabia que após 103 dias sem disputar um jogo oficial, não tinha o ritmo de jogo ideal. Mesmo assim, foi lá cumprir sua missão.

Antes, Nadal fez questão de destacar que não era um "torneio de tributo" para ele. De fato, não foi. Sua saída de quadra foi como em qualquer outra derrota. Aplaudido de pé, acenando de volta para o público, mas sem mensagens no telão ou troféu de homenagem. No fim, foi uma despedida que Nadal fez questão de não chamar de despedida até publicar o post acima, traduzido acima de forma livre no primeiro parágrafo deste texto.

E Nadal até brilhou aqui e ali. Ganhou ralis duros, fez passadas bonitas, comemorou com a intensidade de quem estava ali dando seu máximo - e algum dia de Rafa foi diferente disto? Deu ao público flashes do tenista que já foi o maior campeão de slams da história do tênis masculino e que foi o senhor do circuito mais de uma vez.

Não se sabe publicamente a extensão da lesão abdominal nem por que ela persiste há três meses. O fato é que Nadal não sacou nestes três meses e, contra um rival forte como Alex De Minaur, difícil de superar até em circunstâncias normais, não era realista esperar um triunfo de Rafa com um serviço que por vezes fica abaixo dos 140 km/h. E o mesmo deve acontecer nas próximas aparições do espanhol se nada mudar.

"Não é hora de buscar heroísmos", disse Nadal após o jogo. "É preciso ser realista, fazer as coisas da maneira mais prudente e lógica. A realidade é que depois de perder o primeiro set, a partida termina. O importante era poder jogar, e joguei. Simplesmente quero lutar nos torneios. Estar em uma quadra é uma grande notícia."

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Rafa não está errado. Que ele esteja novamente em uma quadra é, de fato, uma grande notícia. O que será, porém, do abdômen, de seu saque e do resto? As respostas para estas questões ninguém tem no momento. Mas se depois de 22 slams, uma dúzia de recordes, mais de mil vitórias e, sobretudo, incontáveis exemplos e lições para gerações atuais e futuras de seres humanos...

Se, depois disso tudo, "estar em quadra" for o máximo que ele conseguir nos dar, que seja suficiente. Nós, verdadeiros fãs de tênis, vamos aproveitar cada segundo. E agradecer. Sempre.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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