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5 declarações para ler e admirar Carlos Alcaraz

Carlos Alcaraz visita o Cristo Redentor no Rio de Janeiro - Fotojump
Carlos Alcaraz visita o Cristo Redentor no Rio de Janeiro Imagem: Fotojump

Colunista do UOL

12/02/2022 09h49

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Carlos Alcaraz começou a ganhar manchetes quando ainda tinha 15 anos e já vencia partidas de nível Challenger na Europa. Ganhou status de promessa e, por ser espanhol, tornou-se mais um "novo Nadal", a versão galega do que chamamos no Brasil de "novo Guga".

Em 2020, ainda sob certa desconfiança de fãs de tênis, Alcaraz ganhou um convite para disputar o Rio Open. Na época, tinha 16 anos e era o #406 do mundo. Pois Carlos veio e protagonizou uma das partidas mais memoráveis daquela edição. Bateu o compatriota Albert Ramos (#41 na época) no tie-break do terceiro set de um jogão que acabou às 3h02min da manhã.

De lá pra cá, muita coisa mudou. Elogiado intensamente por Rafael Nadal por sua humildade, seu talento e sua vontade de trabalhar, Alcaraz, que tem como técnico há muitos anos o grande Juan Carlos Ferrero, tornou-se uma realidade. O espanhol que desembarcou no Rio esta semana é, aos 18 anos, o número 29 do mundo e chega ao torneio com status de estrela.

Aos leitores da turma que torce fervorosamente por um veterano, recomendo atenção às linhas abaixo. Em sua primeira coletiva no Rio este ano, Alcaraz deixou evidente por que alcançou tudo que alcançou. Em um papo rápido com meia dúzia de jornalistas, mostrou-se educado, humilde, prestou atenção nas perguntas e respondeu olhando nos olhos dos profissionais de imprensa. Sorriu nas horas certas e teve toda paciência do mundo quando não entendeu um jornalista que não falava espanhol. Deixo aqui cinco respostas que podem fazer de você, leitor, o próximo fã de Carlos Alcaraz.

Sobre sua confiança e o Rio Open deste ano

"A verdade é que desde a primeira vez que vim (em 2020), cresci muito como jogador e como pessoa. Agora acredito que já estou consolidado no circuito. Já me conhecem, e os jogadores já me consideram um deles. Eu sou capaz de conseguir coisas grandes. Obviamente, um torneio como o do Rio é muito bom e vêm grandes jogadores, mas eu confio no meu jogo, confio no nível que esto mostrando e acredito que posso fazer um grande torneio aqui."

"Só joguei uma vez aqui no Rio e adorei. Adorei o ambiente, o clube, o clima também. Gosto muito de jogar com umidade e com calor. Acredito que é especial. Espero poder seguir com as mesmas sensações que tive em 2020, que foram encantadoras e, pouco a pouco, à medida que eu vá jogando aqui - que espero que seja muito (risos) - eu vá cada vez melhor."

"Em cada torneio que vou, acho que posso ganhar e quero ganhar. Confio no nível que estou mostrando. Já ganhei de jogadores muito bons, enfrentei quase todos os jogadores e acredito que se jogar em um nível alto, com confiança, como venho fazendo, posso chegar à final. Obviamente, cada partida é um mundo, tem que ser jogada, e evidentemente o torneio tem ótimos jogadores."

Alcaraz tem apenas um título de ATP (Umag/2021, além do ATP Finals Next Gen) do ano passado, mas chega a um ATP 500 com a confiança de quem pode atropelar a chave e levantar o maior troféu de sua jovem carreira. E faz isso sem soar arrogante porque sua crença está baseada em ótimos resultados. O adolescente levou Berrettini ao quinto set na Austrália, foi semifinalista em Viena, no ano passado e alcançou as quartas do US Open de 2021 depois de eliminar Tsitsipas. É normal que ele acredite em seu potencial. E, no meio disso, disse todas as coisas certas sobre o Rio de Janeiro - inclusive que gosta de jogar nas condições daqui, em que poucos tenistas se dão bem.

Sobre o 'próximo Nadal' e como lidar com expectativas

"Acho que nunca me incomodou [ouvir esse tipo de comparação], mas a verdade é que eu não gosto muito. Tento não dar a importância a ser comparado com Rafa. Acredito que cada um tem que seguir seu caminho, e que as pessoas me conheçam como Carlos Alcaraz, não como Rafael Nadal. Agora sou um rapaz, digamos, mais maduro, que sabe administrar essa pressão, digamos, mas é algo que tentei não dar importância."

Aqui, a declaração de Alcaraz não é muito diferente do que a gente costuma ler de outros tenistas sobre esse tipo de pressão. O que diferencia neste caso foi como Alcaraz falou, tratando o assunto com muita simplicidade e sem nenhuma pitada de amargor na voz. E ele já chegou ao top 30 lidando com isso, então sabemos que é verdade quando ele diz que sabe administrar a pressão.

Sobre sua vitória no Rio Open de 2020

"Acabou às 3h, 3h e pouco da manhã, lembro perfeitamente. Eu diria que foi a partida mais longa que joguei em melhor de três sets. Foi uma vitória super especial. Ganhar de Albert Ramos, que é um grande jogador, em minha primeira partida num ATP, foi super bonito. Acredito que me ajudou a perceber o nível que eu tinha realmente, que podia fazer jogo com grandes jogadores como Albert. E me ajudou muito a crescer também. Ganhar de Ramos e depois perder de Coria também me ajudou a seguir crescendo, me fez perceber o nível que eu tinha."

O que me encantou aqui foi o finzinho da declaração, e Alcaraz fala isso - de novo - com tanta naturalidade, sem tentar dar uma ênfase artificial à coisa, que é possível que muita gente nem tenha dado atenção mesmo. Maaaaas acho muito importante ressaltar que ele diz que a derrota para Federico Coria, por 6/4 no terceiro set, também ajudou em seu processo de crescimento.

Bônus: sobre o título de Nadal na Austrália

"Foi incrível. Foi... para mim, incrível. Lembro de ter visto em casa e comemorar como se eu tivesse ganhado um slam. É um exemplo a seguir."

Como não admirar, né?

Coisas que eu acho que acho:

- Uma pena a desistência de Juan Martín del Potro, mas sua participação Buenos Aires mostrou mesmo que o argentino não tem condições - hoje - de ser competitivo no nível que gostaria. Gostei do nome do chinês Jucheng Shang para substituí-lo. É um atleta da IMG, que tem direito a escolher um dos wild cards do Rio Open anualmente, mas é uma promessa que já tinha manifestado sua vontade de vir jogar no Rio. Será interessante ver o atual juvenil #2 do mundo. Vejamos se será mais um jovem (como o próprio Alcaraz e Casper Ruud, alguns anos antes) que chegará ao Rio como desconhecido e será um grande tenista alguns anos depois.

- Não trouxe meu Kuba Disco para o Rio, mas o som de hoje no meu Spotify é o Podcast oficial do Rio Open, apresentado por mim. No episódio mais recente, dei várias dicas de como curtir o Rio Open da melhor maneira possível: como chegar, o que leva, o que não levar, o que fazer, onde comer, etc. Ouçam no player abaixo.

- Durante o torneio, o podcast terá edições diárias, com análises de especialistas convidados, informações sobre os horários de treino dos principais nomes do torneio, entrevistas com atletas e muito mais. Não percam!

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