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O Milagre de Cuca não vai acontecer no Galo
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Bastou o técnico Cuca ser recontratado pelo Atlético Mineiro para que muitas pessoas passassem a acreditar numa recuperação instantânea e quase que messiânica do time. Afinal de contas, o experiente treinador chegaria para fazer a equipe retomar o bom futebol de 2021. Somado a um elenco ainda mais qualificado que o da temporada passada, isso resultaria na recuperação alvinegra. Ledo engano! O ''buraco é muito mais embaixo do que parece''.
Já são 10 jogos desde que Cuca voltou. Um período curto, mas os resultados são lamentáveis. Apenas duas vitórias, 33% de aproveitamento de pontos, dados de quem luta contra o rebaixamento. Mesmo com apenas uma competição há 38 dias, o treinador não consegue fazer o time evoluir dentro de ideias muito parecidas com as que tinha no ano que se passou.
Aliás, não houve quebra abrupta de conceito de jogo com Turco Mohamed. O argentino, que tem um estilo bem adaptável ao longo da carreira, manteve diversos conceitos que o brasileiro havia implementado. O problema é a execução deles. E isso passa muito pelos jogadores. Óbvio que os comandantes despertam o comportamento, mas a obediência, o foco, e a intensidade, oscilaram o ano inteiro no Galo.
Acreditar que isso mudaria como num passe de mágica ao trazer o técnico de volta é no mínimo ingenuidade. Basta traçar uma linha de avaliação na carreira de Cuca.
Em todas as ocasiões que tentou emplacar a segunda temporada ou a sequência nos clubes em que trabalhou, o rendimento caiu. Foi assim no Palmeiras de 2017, pós-título brasileiro de 2016. No Shandong Luneng de 2015, pós-conquista da Copa da China em 2014. E no próprio Atlético Mineiro, em 2013. O Galo venceu a Libertadores em julho daquele ano, e depois não foi bem no Brasileirão e no Mundial, quando perdeu para o Raja Casablanca nas semifinais.
Não são poucos os jogadores que relataram problemas de relacionamento com ele. Até mesmo no Galo, Hulk, a estrela da companhia, deu declarações no mínimo controversas sobre uma conversa que teve com Cuca quando ele iniciava a passagem de 2021 pelo clube. Se tivesse um grande relacionamento com o comandante, certamente não iria expor o diálogo daquela forma.
Em entrevista ao jornalista Pedro Bial, na TV Globo, o camisa 7 lembrou um episódio com Cuca durante um treinamento. O técnico teria pedido para o atacante ''fazer o simples, por ter menos qualidade técnica''. Hulk respondeu com um ''você não conhece o meu futebol''.
Mesmo nesse clima, os dois se entenderam na sequência e o Galo ganhou tudo com o atleta como protagonista. Mas será que tudo foi deixado de lado a ponto de terem uma nova convivência saudável? Assim como Hulk, sabe-se que outros jogadores do elenco têm restrições quanto à forma de liderar de Cuca. Isso dificulta a sintonia do ambiente em um momento de oscilações comportamentais, técnicas e táticas.
Os atletas também têm muita culpa na decepção atleticana. Basicamente todos eles caíram de produção em 2022. Em vários jogos faltou mais ''pegada'' e concentração. Resultados que eram dados como certos não aconteceram e isso foi minando a confiança, causando choques entre o grupo de jogadores e os torcedores.
Em virtude da farta distribuição de vagas na Libertadores via Brasileirão, é basicamente impossível o Galo não estar na principal competição continental em 2023. A chance de entrar na prévia, porém, é imensa, e isso certamente já deve estar causando antecipações no planejamento para a próxima temporada. Cuca tem contrato até dezembro. E parece óbvio que é preciso pensar o ano que vem sem ele.
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