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Rodrigo Coutinho

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Tinga: o 'lateral comum' que virou ótimo zagueiro com Vojvoda

Colunista do UOL

29/07/2021 04h00

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A frase ''o coletivo potencializa o individual'' já foi lida por você em diversos lugares e certamente apareceu e reaparecerá neste espaço com certa regularidade. O que ela quer dizer exatamente no futebol? Um time repleto de jogadores medianos e comuns, a ''grosso modo'', pode ter um desempenho excelente caso o trabalho do treinador tire o melhor que cada um desses atletas pode oferecer. Tinga, do Fortaleza, é um dos grandes exemplos atuais.

Desde que o técnico Juan Pablo Vojvoda foi anunciado como comandante do Leão do Pici, o lateral de origem vem sendo utilizado como um dos zagueiros do trio defensivo montado pelo argentino. Comum em diversas partes do mundo, esse tipo de improvisação ainda é mal vista no Brasil. Somos viciados em rotular jogadores pela posição da formação de cada um deles, mas o futebol de hoje esfrega diariamente na nossa cara que o que mais vale é a função que eles desempenham.

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Os números recentes de Tinga pelo Fortaleza
Imagem: Rodrigo Coutinho

Tinga é um caso clássico. Chegou a ser utilizado até como um ponta pela direita com Rogério Ceni, quando a proposta era jogar de forma mais reativa em algumas partidas. Vojvoda o escala como zagueiro pela direita, mas não um zagueiro qualquer, apenas preocupado em proteger a área e compor a última linha. Tinga é muitas vezes um importante elemento surpresa no ataque.

Como o técnico argentino prega a agressividade com a bola, o jogo ofensivo, e mudanças coordenadas de posição entre alas, meias e atacantes, Tinga apoia bastante pelo lado direito, principalmente quando Yago Pikachu entra em diagonal na direção da área ou está muito projetado na linha de fundo. Ele acaba se transformando em mais uma peça para ocupar o setor e ajudar na construção das jogadas. Tem mais liberdade em comparação ao zagueiro pela esquerda.

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Com o Fortaleza estabelecido no ataque, Tinga também avança pela direita, ganha mais liberdade que o zagueiro pela esquerda, neste caso Matheus Jussa
Imagem: Rodrigo Coutinho

O gaúcho de 27 anos melhorou ainda a efetividade dos passes verticais e elevou sua taxa de participação em campo. Trocando mais passes e acertando ações. Na parte defensiva, que nunca foi exatamente um problema, cumpre bem o posicionamento e faz as perseguições com intensidade e concentração quando há a necessidade. Destaca-se também na bola aérea. Ao lado de Thiago Heleno é o zagueiro com melhor média de notas entre aqueles que jogaram ao menos 40% da competição.

A chegada de Vojvoda vem sendo um marco na carreira de Tinga. Ele já estava estabelecido no clube desde 2018, quando foi titular na campanha do título da Série B, mas o nível de seu futebol subiu, consequentemente atraindo mais confiança dos torcedores e atenção nacional. Já havia passado pelo Fortaleza em 2015 e seu último clube antes do Tricolor foi o Juventude, em 2017.

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No momento defensivo, Tinga é um dos três zagueiros do trio de defensores
Imagem: Rodrigo Coutinho

Revelado pela base do Grêmio e com passagem pelas categorias inferiores da Seleção, Tinga não chegou a ter tantas oportunidades no Imortal. Foram só sete jogos pelos profissionais do clube e outros dois empréstimos para Bahia e Boa Esporte, além dos já citados para Fortaleza e Juventude.

Em definitivo no Leão há quatro temporadas, Tinga se aproxima do momento que muitos dizem ser o período de auge de um atleta profissional. Entre 27 e 30 anos há o ápice da combinação entre parte técnica, física, emocional e tática, mas a presença de Vojvoda parece ter acelerado isso. O Fortaleza ganhou um ótimo zagueiro!