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Rodrigo Coutinho

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Guia da Libertadores - Tudo sobre o Grupo B

Colunista do UOL

14/04/2021 04h00

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Hoje é dia de conhecermos todos os detalhes do Grupo B da Libertadores 2021. Ele é formado por Olimpia, Internacional, Deportivo Táchira e Always Ready, e parece ter um cenário bem definido. Entre os clubes brasileiros, o Colorado é certamente aquele que na teoria tem a vida mais tranquila na 1ª fase. Saiba o porquê.

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O atacante Jorge Recalde é o homem mais perigoso do Olimpia
Imagem: Rodrigo Coutinho

Maior campeão paraguaio da história, o Olimpia conquistou mais um título nacional em dezembro e garantiu vaga como cabeça de chave na Libertadores. O alvinegro de Assunção é o quarto colocado no campeonato local após 11 rodadas disputadas, está cinco pontos atrás do líder Libertad, e mudou de técnico recentemente.

O ex-meia uruguaio Sergio Órteman assumiu o comando em substituição ao argentino Nestor Gorosito e dirigiu o time em três partidas. Aos 42 anos, ele acumula uma carreira vitoriosa como jogador. Passou por Grêmio, Peñarol e futebol europeu, mas foi no próprio Olimpia que virou ídolo. Fez parte do time campeão da Libertadores em 2002. Repetir a façanha, desta vez como técnico, é algo muito distante da realidade.

O Olímpia até tem um bom elenco. Jogadores em sua maioria experimentados em competições internacionais, passagens por seleções e que não sentem cenários de adversidade. O plantel é equilibrado. Os reservas não estão muito abaixo dos titulares, mas falta talento para algo maior. Coletivamente o time ainda tenta se acertar com a mexida recente no comando técnico.

Órteman vem tentando implementar um futebol menos físico e direto. Diante do Internacional fatalmente o Olímpia jogará fechado para explorar contra-ataques, mas contra Deportivo Táchira e Always Ready deve se soltar mais. Trata-se de um time mais pesado para marcar, mas perigoso com as aproximações de Recalde, Alejandro Silva e Camacho na frente. Aos 39 anos, o experiente Roque Santa Cruz faz parte do elenco e joga com frequência.

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Edenílson segue sendo o comandante do meio-campo colorado
Imagem: Rodrigo Coutinho

O Internacional entra na Libertadores da América sonhando com algo além das oitavas de 2020 e as quartas de 2019, e confia no trabalho de Miguel Ángel Ramirez para voltar a comemorar um título continental. O trabalho tem apenas seis partidas e pouco mais de um mês, mas as transformações no modelo de jogo do time já são perceptíveis. O tempo vai dizer se essas ideias vão se desenvolver.

Com Odair Hellmann e Abel Braga o torcedor do Inter se habituou a ver um time mais baseado em reagir aos ataques adversários. Se fechava e explorava contra-ataques na maioria dos jogos. Com a bola, era mais direto e elaborava menos as jogadas. Ramirez prega o inverso. Quer que sua equipe tenha a posse o tempo inteiro. Encoraja zagueiros e o goleiro a trabalharem com mais calma desde a saída de bola, mesmo pressionados.

Utiliza o ataque posicional como plataforma para criar. Cada jogador ocupa um espaço determinado no campo e precisa se mexer dentro deste setor para buscar as interações com os companheiros e gerar as linhas de passe. Todo esse conjunto requer tempo de adaptação. Alguns jogadores do elenco possuem características um pouco conflitantes com isso, mas a sensação é que compraram a ideia do espanhol de 36 anos.

Muitos testes foram feitos no time e cravar uma escalação titular é basicamente impossível. Certo é que Cuesta, Edenilson e Patrick seguem formando uma valorosa espinha dorsal, e vão se integrando no novo padrão. Yuri Alberto manteve o bom nível do Brasileirão 2020 e parece ter caído no gosto do treinador. Guerrero volta de lesão. Praxedes cresce. O Inter é mais qualificado tecnicamente que os outros três rivais e terá um bom espaço para evoluir nesta 1ª fase.

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O jovem Chacon pode se destacar pelo Táchira na Libertadores
Imagem: Rodrigo Coutinho

O Deportivo Táchira é o clube mais popular da Venezuela e segundo maior campeão local. Disputará a Libertadores pela 25ª vez e sua melhor posição veio em 2004, quando caiu nas quartas de final para o São Paulo. Não deverá ter forças para fazer frente a Internacional e Olímpia, mas possui alguns bons valores que merecem atenção.

A começar pelo jovem Yerson Chacon. Nascido em 2003, ainda completará 18 anos em junho, mas foi titular em diversos jogos na campanha do vice-campeonato nacional em 2020. É rápido e insinuante. O meia Maurice Cova é outro que pode se destacar. Passou as últimas duas temporadas no futebol mexicano e retorna ao clube que o revelou. O experiente atacante Greco também merece atenção. É o alvo das ligações diretas que o time costuma fazer.

A equipe é comandada pelo técnico Juan Tolisano, que tem apenas 36 anos e está há três temporadas no clube. Como citado, o Táchira gosta de fazer ligações diretas para uma dupla de ataque ganhar a ''primeira bola'' pelo alto e aí acionar os rápidos homens de lado de campo na sequência. É um estilo bem rudimentar, mas organizado dentro daquilo que é possível fazer.

Um ponto que deve atrapalhar o Táchira nesta Libertadores é a falta de ritmo de jogo. O Campeonato Venezuelano começa apenas neste meio de semana, e a equipe realizou apenas amistosos contra times de menor expressão.

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O goleiro Carlos Lampe é o principal jogador do Always Ready
Imagem: Rodrigo Coutinho

O nome já chama a atenção por si só. Desde o sorteio que definiu os grupos, realizado na última semana, a tradução literal de Always Ready, ''sempre pronto'', foi alvo de piadinhas e memes bem-humorados. O fato é que o atual campeão boliviano quer mostrar que está preparado para ao menos causar problemas aos adversários que forem atuar em La Paz.

O clube é antigo no futebol local. Fundado na década de 30 do século passado. Conquistou títulos nacionais na década de 50, disputou uma Libertadores e depois sumiu. Em crise financeira, ficou 20 anos longe da primeira divisão boliviana, chegou a jogar a ''Série D'' deles e foi resgatado a partir do investimento de seu mais ilustre e, provavelmente, rico torcedor, o empresário Fernando Sarmiento, que hoje é presidente da Federação local.

O Always se mudou de La Paz para El Alto, cidade a mais de quatro mil metros de altitude, mas não poderá mandar seus jogos da Libertadores lá. Mesmo assim segue recebendo investimento da Prefeitura, cenário que também possibilita a formação de um elenco repleto de jogadores da seleção boliviana e até mesmo três brasileiros. O zagueiro Everton Sena, e os atacantes Vander e Mascote. Nenhum deles é titular.

O panamenho Cummings, o goleiro Carlos Lampe, os atacantes Arce e Rodrigo Ramallo, os meias Sanguinetti, Saucedo e Gallindo são exemplos de atletas que tiveram algum destaque em Libertadores recentes. A proposta do Always Ready é ser dominante nacionalmente e tornar-se a referência boliviana no continente, ultrapassando Bolivar e The Stromgest. Tem política e dinheiro pra isso, mas ainda falta mais qualidade em campo.