Como Abel Ferreira assume o Palmeiras após vitórias do "Cebolismo"

Foram 14 gols marcados em cinco jogos, apenas três sofridos. Quatro vitórias e uma derrota no período em que teve Andrey Lopes como técnico interino. O Palmeiras do dia para a noite virou um time confiável? Ainda não. Mas ganhou aquilo que Luxemburgo não conseguiu dar em pouco mais de dez meses de trabalho: organização e ideia.

Conhecendo o estilo de Abel Ferreira, dificilmente o treinador português aproveitará algo que Andrey fez, mas recebe um time mais confiante e ''mares tranquilos para navegar com a sua caravela''.

A principal marca do Palmeiras nos últimos cinco jogos foi a eficiência para se fechar defensivamente e aproveitar os espaços em velocidade após a retomada da bola. A forma como se impôs diante do Atlético Mineiro acentuou esse tipo de estratégia. E nada menos que 57% dos últimos 14 tentos marcados tiveram esta origem. Abel Ferreira pode aproveitar esse legado também, mas já mostrou em outros trabalhos que monta suas equipes de forma diferente.

É provável que vejamos o Palmeiras ficando mais tempo com a bola, trabalhando a posse de forma elaborada e ocupando os espaços de maneira muito mais equilibrada do que fazia com Luxemburgo em fase ofensiva. Andrey, até pelo tempo escasso de avaliação, não produziu isso, mas tem o mérito de organizar a equipe defensivamente a partir de uma marcação por zona, o que compactou setores e expôs menos alguns atletas mais afeitos a este sistema, como Luan, Viña e Felipe Melo. Isto certamente Abel dará sequência.

O retorno de Felipe Melo ao meio-campo também é um importante legado. Ficou nítido que pode render mais ali. Wesley participando de muitos desses 14 gols do Palmeiras pela esquerda também deve ganhar sequência. Mesmo num outro contexto ofensivo, pode oferecer em agressividade no setor.

Wesley é apenas um dos muitos jovens de valor do elenco Verdão. Agora eles provavelmente terão mais condições de se desenvolver adequadamente sob o comando de um treinador com conceitos atualizados. Há uma enorme diferença entre dar oportunidades aos jovens e fazê-los evoluir. Colocar para jogar é importante, mas não tanto quanto trabalha-los num contexto que os favoreça

O ganho também deve alcançar diretamente os mais experientes. Nos últimos jogos já foi sensível a subida de produção de Raphael Veiga e Zé Rafael. Dois dos atletas apontados por muitos como os ''não tão bons assim'' de um elenco que tem vários outros nomes na mesma condição. Um coletivo forte e organizado potencializa as individualidades. ''Cebola'' fez o básico, mas preparou bem o terreno para Abel implementar sua forma de trabalhar.