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Rodolfo Rodrigues

Corinthians e Palmeiras ainda insistem com o antifutebol

Vanderlei Luxemburgo, técnico do Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Vanderlei Luxemburgo, técnico do Palmeiras Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

16/08/2020 13h35

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Finalistas do Paulistão 2020, Corinthians e Palmeiras fizeram uma das finais mais deprimentes dos últimos anos com os dois times evitando o ataque e finalizando muito pouco. Nesse início de Brasileirão, ambos continuam apresentando um péssimo futebol, insistindo ainda com a insuportável tática defensiva, como se essa fosse a única alternativa para o futebol de hoje em dia.

Tanto Tiago Nunes, quanto Vanderlei Luxemburgo poderiam extrair mais de suas equipes. Neste domingo (16), me deparei com uma entrevista de Luxa de março de 2018, no canal do YouTube de André Henning, em que dizia: "Existe uma preocupação muito grande hoje com a parte tática, como se ela fosse fundamental para o jogo de futebol. E não é. A diferença é o jogador...Você ganha com a qualidade".

Ora, o Palmeiras tem hoje o segundo elenco mais valioso do futebol brasileiro (93,7 milhões de euros contra 117,6 do Flamengo, segundo o site alemão transfermarkt), e o terceiro da América do Sul, atrás ainda do River Plate-ARG (115,7). Seu trabalho começou no Palmeiras em janeiro de 2020, quando tinha ainda o atacante Dudu. E nem assim conseguiu dar uma cara ofensiva ao time ou fazer algo diferente do mal futebol de Felipão e Mano Menezes em 2019.

O Palmeiras foi campeão paulista por ter o melhor elenco e sequer conseguiu vencer um clássico pela primeira vez em um Paulistão em que foi campeão. Em 2020, em oito jogos contra times da Série A, empatou seis e perdeu dois. Nos últimos quatro jogos, o time deu apenas 8 finalizações certas a gol. Somente 8 em 360 minutos. Ou uma a cada 45 minutos. Só contra o Barcelona, o Bayern acertou 14 finalizações a gol.

Vendo os jogos das quartas de final da Liga dos Campeões, onde os treinadores botam suas equipes para frente e a busca pelo gol é incessável, chega a ser deprimente ver um jogo do Brasileirão com as equipes apresentando um futebol tão limitado e sem qualquer agressividade.

E o pior é que esse estilo de jogo se espalhou pelo Brasil afora - o São Paulo de Fernando Diniz é outro que vem decepcionando. No Palmeiras, passaram treinadores renomados nos últimos anos, e nada do time jogar um futebol decente.

No Corinthians, criticado pelo futebol defensivo de Fábio Carille entre 2017 e 2019, a situação é a mesma. Tiago Nunes, que chegou prometendo colocar o time no ataque - "Vamos jogar de maneira moderna, agressiva, igual jogam os grandes clubes do mundo" -, vem fazendo muito pouco ou quase nada para mudar o esquema tático.

Também nos últimos quatro jogos, o Corinthians deu apenas 13 chutes certos a gol. Nesse sábado, contra o Grêmio, foram apenas três em 90 minutos. Em dois jogos contra dois grandes do Brasileirão, o Corinthians conquistou apenas um ponto e jogando totalmente recuado. Nem mesmo contra o Atlético-MG, quando abriu 2 x 0 em dois raros contra-ataques, o time deu sinais de que poderia se impor ao adversário.

Concordo que o nível do futebol brasileiro nem se compara com o do futebol europeu, mas estamos falando aqui da diferença de elenco que os dois rivais paulistas têm em relação ao demais. No papel, o Atlético-MG tem o 7º elenco mais valioso do Brasileirão. Mas tem um treinador que bota seu time no ataque e busca algo que os outros insistem em não fazer. Não é à toa que o Galo tem três vitórias em três jogos nesse Brasileirão.

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