Julio Gomes

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Qual a melhor solução para as laterais da seleção? Jogar sem eles

Um dos grandes méritos de Scaloni, técnico da Argentina na Copa do Mundo, foi ter alterado o time conforme o adversário que ia enfrentar no Qatar. Eram mexidas pontuais, um jogador por outro, mas que modificavam o sistema tático. Na seleção brasileira, o que vimos na era Tite e, agora, com Diniz, é uma tendência a montar o time com os melhores jogadores que o treinador enxerga à disposição. O Brasil joga do jeito dele e não importa muito quem é o adversário.

Dentro de uma competição, isso é um erro tremendo (vide Brasil x Croácia na Copa). Dentro de um contexto de amistosos ou jogos de eliminatórias desimportantes, acho mais aceitável procurar soluções "macro" sem se importar tanto com o adversário da vez. No caso de Fernando Diniz antes do jogo contra a Argentina, com a situação que se criou nas eliminatórias e em face aos maus resultados recentes, é necessário encarar como uma final de Copa do Mundo.

Na derrota contra o Uruguai, vimos uma Argentina com um tridente no meio de campo, o mesmo da Copa (McAllister, De Paul, Enzo Fernández), Messi à frente deles, Julian Álvarez e Nico González no ataque. Perdendo o jogo, Scaloni tirou um volante (McAllister) para colocar Lautaro Martínez à frente e, depois, substituiu Nico por Di María. Os laterais, Molina e Tagliafico, não são exímios jogadores nem no ataque nem na defesa.

E é aí que mora o ponto fraco, fraquíssimo, eu diria, do Brasil nos últimos anos: as laterais. A seleção não tem laterais que acompanhem o nível dos jogadores de outras posições. É assim faz tempo.

Nunca consegui entender por que Tite fez tão poucas provas com um sistema de três zagueiros e sem laterais. Diniz não tem tempo para testes. Mas tampouco tem tempo para mais uma derrota.

Se os laterais argentinos são fracos, é imperativo deixá-los com essa desvantagem. E não criar uma situação de igualdade, colocando no time dois laterais igualmente fracos do outro lado.

O que o Brasil não pode fazer contra a Argentina é dar o espaço a Messi que teve James Rodríguez na partida de quinta, na Colômbia. O Uruguai combateu Messi com Ugarte e Valverde no setor, jogadores mais firmes defensivamente que André e Bruno Guimarães. Minha solução seria formar uma linha de três atrás, puxando André para jogar com os dois zagueiros e alternar o posicionamento de acordo com a fase do jogo. Atacar os laterais argentinos, o que já acontecerá normalmente com Martinelli, Raphinha e Rodrygo. E batalhar de verdade no meio de campo, com as presenças de Douglas Luiz, Joélinton ou até mesmo os dois. Pode ter Pepê como ala? Pode também.

Mas esse é um jogo jogado no meio de campo, que se abre para os lados no ataque quando o Brasil estiver à frente. Se só a Argentina jogar o jogo do meio de campo, é mau negócio para o Brasil, ótimo para Messi. Esqueçam os laterais. Além de não serem tão bons, não são necessários no momento.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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