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Flavio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Breve pensata sobre a passagem do tempo na F-1

Emerson comemora sua vitória em Interlagos, 50 anos atrás - Bernard Cahier/Getty Images
Emerson comemora sua vitória em Interlagos, 50 anos atrás Imagem: Bernard Cahier/Getty Images

Colunista do UOL

30/01/2023 11h00

Esta é a versão online da newsletter Flavio Gomes enviada ontem (29). Na newsletter completa, o colunista comenta sobre a vitória de Mattias Ekström na Corrida dos Campeões e os dez itens "invisíveis" do pacotão de regras de 2023 na F-1. Quer receber antes o boletim e diretamente no seu email? Clique aqui. Os assinantes UOL ainda podem receber dez newsletters exclusivas toda semana.

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Todo colunista que se preza, quando começa o ano, elabora uma boa lista de efemérides que servirão como banco de reservas nos surtos cada vez mais comuns de falta de assunto e/ou criatividade para escrever. Para isso, basta fazer contas simples de somar e subtrair para encontrar números redondos, como se diz: 50 anos disso, 25 daquilo, 10 daquilo outro.

Minhas preferidas para este Ano da Graça de 2023 são as quatro décadas passadas desde o lançamento do Fiat Uno (1983) e os 30 anos do surgimento do incrível Renault Twingo (1993) — ambos os fatos ocorridos na Europa, embora o Uno tenha sido apresentado à imprensa mundial no Cabo Canaveral junto a astronautas, foguetes e ônibus espaciais. Os dois chegaram aqui um ano depois, portanto são efemérides com algum prazo de validade, que ainda poderão ser utilizadas em 2024.

(Sobre o Twingo, ele voltou a ficar famoso recentemente quando citado pela cantora Shakira numa música de desagravo ao ex-jogador Piqué, de quem se divorciou no ano passado em caso rumoroso que incendiou as redes sociais. Detalhes sobre a contenda podem ser encontrados aqui. "Twingofobia" à parte, serviu para dar o devido peso a um carro espetacular que, felizmente, faz parte de minha modesta coleção. O meu, 1994, foi homenageado em vídeo aqui. Quem fez a homenagem fui eu mesmo.)

Para a Fórmula 1, foi muito simples elencar episódios colunáveis em 2023. Bastou pegar os anos terminados em 3 (estabeleci a década de 70 como marco inicial, arbitrariamente) e aqueles encerrados em 8 (para os números redondo-quebrados terminados em 5; o ser humano é esquisito e tem certa obsessão por dezenas e meias dezenas). Minha lista ainda é preliminar e se alguém quiser colaborar aí nos comentários (sim, eu sei que precisa ser assinante do UOL, mas não me culpem por isso), que fique à vontade.

Temos aqui, por exemplo, os 50 anos do primeiro GP do Brasil válido pelo Mundial e da primeira vitória de um brasileiro em Interlagos (11 de fevereiro de 1973 para ambos; Emerson Fittipaldi ganhou). Também serão lembrados os 40 anos do bicampeonato de Nelson Piquet (15 de outubro, na África do Sul), em 1983, e do primeiro teste de Ayrton Senna num carro de F-1 (19 de julho em Donington, Inglaterra). Em 26 de setembro, a França lembrará os 30 anos do tetra de Alain Prost, em Portugal — a temporada de 1993 marcou, igualmente, sua aposentadoria. Um pouco antes, em 11 de abril, completará três décadas, da mesma forma, a melhor primeira volta de todos os tempos em todos os mundos, de Senna no GP da Europa disputado na mesma pista onde, dez anos antes, ele andou com o carro da Williams para experimentar o gostinho da categoria.

Estou buscando algo forte para 2003, e por enquanto encontrei apenas os 20 anos do hexa de Michael Schumacher, superando os cinco títulos de Juan Manuel Fangio. Chegando um pouco mais perto, 2013, temos dez anos da transferência de Lewis Hamilton para a Mercedes e uma década do último dos quatro títulos de Sebastian Vettel na Red Bull. Nossa, já? Sim, já.

Para as comemorações quebradas terminadas em 5, que tal os 45 anos do primeiro pódio da Copersucar? O aniversário, vejam só, foi neste domingo. Em 29 de janeiro de 1978, em Jacarepaguá, Emerson terminou o GP do Brasil em segundo, para imensa festa do público no Rio. Lá para o fim de outubro lembraremos com carinho os 35 anos da conquista do primeiro título de Senna, no GP do Japão de 1988.

Estamos com dificuldades para escolher um bom jubileu de prata. O que aconteceu de importante nas pistas em 1998, 25 anos atrás? Tem de ser algo realmente histórico — o título de Mika Hakkinen não foi, mas pode ser que algo esteja me escapando e, de novo, recorro à ajuda dos universitários, já que este texto é "google-free". Para 2008, por enquanto o melhor que temos são os 15 anos da primeira taça levantada por Hamilton, no histórico GP do Brasil que fechou aquela temporada.

Encerro esta pequena pensata sobre a passagem do tempo apenas para dizer que a intenção, hoje, era contar a longa e interessantíssima história da greve dos pilotos na África do Sul, tema que há tempos está na minha relação de colunas possíveis, mas aí constatei que esse caso completou, na semana passada 41 anos — e não 40, como eu tinha registrado na memória por alguma razão insondável. Foi em 1982, não em 1983, sua anta, disse a mim mesmo depois de minuciosa pesquisa para lembrar os detalhes daquele episódio inusitado — que teve até ônibus levando os pilotos insurretos para um hotel e uma Kombi atravessada na rua para impedi-los de sair do autódromo.

Quer saber? Vou escrever assim mesmo. Mas fica para a semana que vem. A história é boa demais para ser submetida à ditadura das efemérides.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado, Felipe Massa não estreou na F-1 em 2003, mas em 2002. O trecho foi retirado do texto.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL