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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mercedes põe De Vries pela 4ª vez num F1 e deixa claro plano de sucessão

O holandês Nyck de Vries, atual campeão da Fórmula E, celebra vitória em Berlim, em maio  - LAT Images/
O holandês Nyck de Vries, atual campeão da Fórmula E, celebra vitória em Berlim, em maio Imagem: LAT Images/

Colunista do UOL

20/07/2022 10h00

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Ao anunciar De Vries no carro de Hamilton no primeiro treino em Paul Ricard, a Mercedes dá mais um sinal claro sobre a linha de sucessão do heptacampeão. O que é péssimo para Latifi.

O holandês de 27 anos, campeão da F2 em 2019 e da Fórmula E em 2021, foi o escolhido da Mercedes para o primeiro dos dois treinos livres da temporada em que cada equipe obrigatoriamente precisa escalar um novato, uma novidade do regulamento deste ano.

"Nyck vai substituir Hamilton no primeiro treino do fim de semana e estamos ansiosos para ver como ele vai se sair", anunciou Wolff nesta quarta, em comunicado do time alemão.

A insistência chama a atenção e não é coincidência. É um plano.

Essa será a quarta vez que a Mercedes coloca o holandês para guiar um F1.

A primeira foi em 2020, em Abu Dhabi, no teste pós-temporada para jovens talentos. Ele ficou em segundo lugar entre 15 pilotos _só atrás de Alonso, não exatamente um jovem, mas que conseguiu ser escalado porque estava afastado da categoria havia duas temporadas.

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Nyck de Vries acompanha o GP do Canadá, em junho, ao lado da chefia da Mercedes
Imagem: Jiri Krenek/Mercedes

A segunda foi na mesma situação, em dezembro de 2021, já com o título da Fórmula E nas mãos e após ter sido assediado por Alfa Romeo e por Williams. Cravou o melhor tempo do dia.

Há dois meses, De Vries foi escalado pela Williams, que usa motores Mercedes, para substituir Albon no primeiro treino de Barcelona. Terminou no fundo do pelotão, como esperado, mas conseguiu o único resultado que realmente importava: ficou 0s091 à frente de Latifi.

A estratégia da Mercedes já não é segredo pra ninguém: dar rodagem ao holandês e avaliar suas condições de ocupar a vaga de Hamilton quando ele decidir parar. O atual contrato do heptacampeão vence no fim de 2023, assim como o de Russell _em tese, o futuro número 1 do time.

Até lá, quem deve dançar é Latifi. Talvez já neste ano.

A temporada da Fórmula E termina no mês que vem, e a Mercedes já anunciou que deixará a categoria _em 2023, a McLaren assumirá sua estrutura por lá. De Vries ficará sem emprego. A ideia da montadora é emprestá-lo para uma das três equipes da F1 que usam seus motores em troca de algum desconto. E a melhor oportunidade do momento é na Williams.

Ainda restarão nove etapas da F1 pela frente. É tempo suficiente para um piloto mais competente ajudá-la na batalha por mais pontos no Mundial _que se traduzem em dinheiro no fim da temporada, na hora de repartir o bolo da categoria.

Latifi é o único piloto do grid que não pontuou nesta temporada. Os únicos três pontos da Wiliams em 2022 foram conquistados por Albon.

"Ah, mas e o dinheiro da Sofina, empresa do pai de Latifi?", alguém pode perguntar.

Quando Latifi negociou sua vaga, o time era administrado pela família Williams e estava no buraco. Em agosto de 2020, foi vendido para o Dorilton Capital, um fundo de investimentos.

Mais: depois de Schumacher, o canadense é o piloto que mais prejuízo deu à sua equipe com acidentes nesta temporada. A conta dos reparos após os acidentes no Bahrein, em Jeddah, na Austrália e em Monaco chega a quase US$ 3 milhões.

O desastre certo contra o sucesso duvidoso. Não é uma escolha difícil.