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Clodoaldo Silva

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Brasil terá 253 atletas paralímpicos nos jogos de Tóquio

 Getty Images
Imagem: Getty Images

06/07/2021 20h35

O CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) anunciou na tarde desta terça-feira (6) os 253 atletas que irão representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, marcados para iniciar daqui a 48 dias, 24 de agosto. Essa é a maior delegação paralímpica (são 159 homens e 94 mulheres) da história para um evento fora do país.

A delegação brasileira irá competir em 20 das 22 modalidades que compõem o programa paralímpico. Só não teremos representantes no basquete em cadeira de rodas e no rúgbi em cadeiras de rodas. Mais uma vez, o atletismo será a modalidade com o maior número de atletas, com 64 representante e 18 atletas-guia. Em seguida, vem a natação com 35 atletas.

Atletas paralímpicos convocados para Tóquio - CPB - CPB
Petrúcio Ferreira, o paralímpico mais rápido do mundo, e Maciel Santos, campeão paralímpico na boch, no alto; Carol Santiago, campeã mundial nos 50m e nos 100m livre, e Bruna Alexandre, mesatenista, (baixo) estarão em Tóquio.
Imagem: CPB

O presidente do CPB, Mizael Conrado, estimou que o Brasil deve conquistar entre 60 e 75 medalhas em Tóquio, voltando a afirmar que a meta é ficar entre as 10 maiores potências do mundo. Durante os Jogos, a delegação deverá atingir sua centésima medalha de ouro. Na Rio-2016, o Brasil conquistou 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes.

Em entrevista à coluna, Alberto Martins, chefe da delegação brasileira, já havia adiantado o planejamento do CPB de manter o Brasil entre os dez melhores do mundo. No entanto, segundo Alberto, diferentemente das outras edições, não teremos tantos multimedalhistas. Ele acredita em surpresas.

Acredito que a colocação dele vai ao encontro do cenário atual das possiblidades da delegação. Podemos ter surpresas, mas o nível dos Jogos tende a ser alto, apesar de todas as dificuldades por causa do cenário pandêmico.

Nessa edição, a natação não contará com André Brasil, que foi considerado inelegível pelo Comitê Paralímpico Internacional. O maior medalhista paralímpico dos últimos tempos, o meu amigo Daniel Dias, também será prejudicado pelo processo de reclassificação. Ele não subiu de classe, mas a reclassificação possibilitou que atletas muito fortes fossem para a sua classe, a S4. Na natação temos um sistema de classificação, que vai do 1 até 10, sendo o S1 o mais comprometido e o S10 o com menor grau de deficiência. Os atletas S11 a S13 são cegos e baixa visão.

O Brasil foi colecionando medalhas paralímpicas, com destaques individuais a serem considerados, como é o meu caso, que acumulei 14 medalhas paralímpicas. Somente em Atenas foram sete, o que ajudou muito no reconhecimento do esporte paralímpico. Volto a dizer que é muito importante o papel do ídolo. Nem todo mundo se torna um ídolo. No caso do esporte paralímpico, é providencial sempre ter um cadeirante, um amputado ou um cego campeão. Significa muito mais do que imaginamos. Para além da representatividade, campeões paralímpicos ajudam a quebrar preconceitos.

Pelas estatísticas, eu fui o primeiro grande ídolo do esporte paralímpico. Temos também a nossa Adria Santos, que jamais deve ser esquecida. Até hoje é a mulher que mais conquistou medalhas paralímpicas para o Brasil. E nesse histórico, o meu amigo Antônio Tenório, que mantém um nível forte de conquista em todos os Jogos desde 1996.

Com certeza, os resultados do André irão fazer falta para o Brasil, mas em uma rápida olhada nos convocados vejo muitos atletas novos e possibilidades de medalhas. No entanto, o jogo só pode ser jogado na hora. Só saberemos mesmo do rendimento dos atletas durante os Jogos. Acredito em um nível técnico elevado, mas tenho dúvidas por causa do coronavírus.

De toda forma, os quase 5 mil atletas que estarão em Tóquio já podem comemorar o fato de os Jogos acontecerem e de fazerem parte do maior evento multiesportivo paralímpico do mundo mesmo diante do caos que enfrentamos no ano passado e seguimos neste ano.

Dessa vez, depois de 20 anos, eu fico no Brasil e na torcida com todos vocês. É uma sensação diferente e um processo de adaptação. Todo atleta de alto nível um dia irá se aposentar. Tenho certeza que meu papel será importante. De longe, mas de olho. Vamos juntos! Vai Brasil!

Excelente fim de terça-feira e abraços aquáticos para todos!