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Clodoaldo Silva

Tentando voltar à normalidade

Someity, mascote dos Jogos de Tóquio, joga basquete com criança cadeirante - Site oficial dos Jogos de Tóquio / Divulgação
Someity, mascote dos Jogos de Tóquio, joga basquete com criança cadeirante Imagem: Site oficial dos Jogos de Tóquio / Divulgação

Clodoaldo Silva

07/08/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Agenda dos Jogos Paralímpicos é divulgada, mas atenderá medidas específicas contra o coronavírus. Evento iniciará em 24 de agosto de 2021.

Em meio a um cenário duvidoso, o Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio 2020 anunciou as datas das competições paralímpicas. Se tudo correr bem, daqui a 382 dias será a cerimônia de abertura do evento, em 24 de agosto de 2021. A previsão é que participem 4,4 mil atletas de 22 modalidades. Serão realizados 539 eventos em 21 locais de competição.

A organização do cronograma dos eventos foi pensada de forma a facilitar a participação das pessoas. Por isso, os esportes mais populares foram espalhados em todos os dias equilibradamente. Os horários foram programados para permitir que o maior número de pessoas assista aos eventos. A intenção é que diariamente as competições sejam finalizadas antes de 22h (horário local).

O diretor dos Jogos, Hidemasa Nakamura, afirmou que "algumas adaptações específicas poderão ser necessárias, dependendo de que tipo de esporte ou competição". O desafio é fornecer um ambiente seguro para que os Jogos aconteçam com mais tranquilidade.

A gente vai torcendo para que a vacina chegue... Porque parece meio que irreal realizar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos diante da atual realidade. Ainda há incertezas sobre a viabilidade da realização em frente à disseminação da Covid-19.

Nas últimas semanas, Tóquio vive uma curva ascendente no número de casos. Algumas autoridades admitiram inclusive a possibilidade de decretar estado de emergência. O controle da doença no Japão tem sido prioridade para o governo, já que os gestores sabem que o sucesso dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos depende disso.

Na última quarta-feira (5), em entrevista ao jornal Financial Times, Toshiro Muto, chefe-executivo do Comitê Organizador dos Jogos, admitiu que a pandemia não deverá ter chegado ao fim até os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, mas afirmou que não há possibilidade de um novo adiamento.

Se por um lado, o mundo quer voltar à normalidade. Por outro, as incertezas são grandes quando ainda vivemos no meio de um conjunto de estatísticas nada animadoras sobre a pandemia. Voltar ao normal, como eu disse outro dia nas minhas redes sociais, é não morrer ninguém.

Enquanto milhões de pessoas em todo o mundo torcem para que uma vacina nos salve, a gente tenta reagir. No esporte, aos poucos e sem muito brilho, os treinos têm retornado, adaptações têm sido feitas, mudança de locais de treinamento, competições engatinhando e algumas ações sociais despontando para enfrentar a crise.

Petrucio Ferreira bate recorde mundial nos 100M T47 (amputados de braço), com o tempo de 10s42, durante o Campeonato Mundial de Atletismo em Dubai, Emirados Árabes Unidos, em novembro de 2019 - Ale Cabral/CPB - Ale Cabral/CPB
Petrucio Ferreira bate recorde mundial nos 100M T47 (amputados de braço), durante o Campeonato Mundial de Atletismo em Dubai, Emirados Árabes Unidos
Imagem: Ale Cabral/CPB

Ontem (6) mesmo, os jogadores e dirigentes da NBA anunciaram a criação de uma fundação de apoio à comunidade negra nos EUA e no Canadá. Durante os próximos dez anos, os 30 proprietários de equipes contribuirão anualmente com US$ 30 milhões para fortalecer a fundação, que, segundo os dirigentes, mira impulsionar o poder econômico dessas pessoas através do emprego e do avanço na carreira.

Eu fico até constrangido em falar sobre esporte quando vejo os números de mortes por Covid-19 disparando. No entanto, a cada dia que passa, a pandemia nos ensina mais e mais. É tempo de aprender. É tempo de se adaptar, de reabilitar, de reinventar e de tentar seguir, mesmo no meio do furacão. É como quando alguém que a gente ama morre. A gente vive o luto, mas a gente não pode parar para sempre para chorar. Não é mesmo?

Se pararmos para pensar toda hora no número de pessoas tristes com a perda de pessoas que amam, o mundo vai entrar em uma depressão nunca antes imaginada. Estudos e estudos pepinam para todos os lados sobre o quão desafiador tem sido viver em meio a essa crise. E a volta do esporte pode ajudar pessoas a se incentivarem, a ficarem mais alegres. O esporte é uma grande ferramenta de inclusão, entretenimento e mobilização.

Estádio Olímpico de Tóquio - Site oficial dos Jogos de Tóquio / Divulgação - Site oficial dos Jogos de Tóquio / Divulgação
Estádio Olímpico de Tóquio
Imagem: Site oficial dos Jogos de Tóquio / Divulgação
Com o pensamento de que precisamos caminhar e fazer o nosso melhor, a gente tenta acreditar que tudo irá ficar bem e espera ansiosamente por uma vacina. E a gente vai tentando voltar ao normal, mas com cautela.

Eu fico na torcida por aqui e vocês também, mas com uma interrogação enorme na cabeça. Será que a gente vai conseguir? Será que os Jogos irão ocorrer mesmo? Anestesiados, a gente segue com esperança que tudo fique bem e de que daqui um ano a gente possa estar comemorando as vitórias dos atletas paralímpicos brasileiros.

Excelente quinta-feira e abraços aquáticos a todos