Zaidan: Quais os desafios de cada seleção na Copa América
Os brasileiros não dão muita pelota para títulos de Copa América, mas reclamam, é claro, quando a seleção fica pelo caminho. O Brasil não deverá ter dificuldades para fazer a melhor campanha de seu grupo, que tem Bolívia, Venezuela e Peru.
No classificatório para a Copa de 2018, os bolivianos conseguiram apenas 14 dos 54 pontos disputados, ou seja, não foram bem nem mesmo em La Paz. Eduardo Villegas, contratado neste ano para dirigir o time, terá de renovar seu elenco, mas vem à Copa América dependendo ainda de Chumacero e Marcelo Moreno.
A Venezuela ficou em último no classificatório para a Copa na Rússia. É certo que os jogadores venezuelanos, também atingidos pela distopia em que seu país mergulhou, já fazem algo notável ao disputarem competições internacionais, incluindo Libertadores e Copa Sul-Americana. O time é treinado há três anos pelo ex-goleiro Dudamel, que segue contando com Seijas e Rincón no meio-campo e com Rosales na zaga.
A principal esperança de Dudamel é que Rondón, atacante do Newcastle, resolva as coisas. Vale lembrar que, na última hora, Dudamel convocou o atacante Soteldo, do Santos.
A seleção peruana é melhor que a da Venezuela e a da Bolívia. Ricardo Gareca, que não foi bem no Palmeiras, é bom treinador, como está claro desde seu trabalho no Vélez Sarsfield. Gareca, aliás, foi fundamental na campanha que levou os peruanos à Copa de 18. O goleiro Gallese, o lateral Trauco, do Flamengo, o agora santista Cueva e o veterano Farfán seguem no time, mas o principal jogador da equipe de Gareca é mesmo Paolo Guerrero, que é quem mais fez gols com a camisa peruana.
Competições curtas costumam permitir mais resultados surpreendentes. Pode acontecer de o segundo lugar do grupo A ficar com a Bolívia ou com a Venezuela, mas ambas têm menos qualidade técnica que a seleção peruana. Presume-se, com boa chance de acerto, que o Brasil ficará em primeiro. Se assim for, o time de Tite jogará nas quartas de final contra o terceiro colocado do grupo B ou do C.
A Argentina está no grupo B, que tem ainda Colômbia, Paraguai e Catar. Depois da campanha ruim no Mundial do ano passado, a AFA teve dificuldades para substituir Sampaoli; os dirigentes não convenceram os pretendidos e, provisoriamente, entregaram o time para Scaloni.
O trabalho foi agradando e o técnico foi ficando. Messi, que nos últimos cinco anos levou a Argentina a uma final de Copa do Mundo e a duas de Copa América, tem dito que não acredita que seu time será campeão neste ano.
É uma maneira de reduzir expectativas. Di Maria e Aguero também convivem com a cobrança, de resto comum quando jogadores frequentemente campeões em seus clubes não ganham títulos com a seleção. É claro que o fato de a cobrança ser comum não a torna justa. Dybala e Lo Celso chegaram ao momento de mostrarem se terão vida longa na seleção.
A Colômbia foi buscar Carlos Queiróz, português nascido em Moçambique e treinador com ótimos trabalhos, para ver se o time aproveita melhor os talentos de James Rodríguez, Cuadrado e Falcão Garcia. Ospina, bom goleiro, e Zapata, bom zagueiro, estão na lista. Outro Zapata, o Duván, artilheiro do Atalanta, também foi chamado.
A seleção paraguaia é outra que está com novo técnico: Eduardo Berizzo. A zaga do Paraguai é muito boa, com Gustavo Gómez, do Palmeiras, e Balbuena, ex-Corinthians e, hoje, jogando pelo West Ham. No ataque também há qualidade: Óscar Romero, Iturbe, o veterano Óscar Cardozo e Derlis González, jogador do Santos, são boas opções para Berizzo.
O Qatar tem obtido excelentes resultados com as ideias do treinador espanhol Félix Sánchez-Bas, que, de 1996 a 2006, trabalhou na formação de jogadores do Barcelona. O país, surpreendentemente, ganhou a Copa da Ásia, aumentando o feito de ter sido campeão no sub-19 em 2014. Mas o time, pelo que vimos no amistoso contra o Brasil, não parece suficientemente bom para ficar com uma das duas vagas de um grupo tão difícil.
O Qatar não é o único convidado pela Conmebol; veio também o Japão, que está no grupo C, com Uruguai, Equador e Chile. Os japoneses perderam à final da Copa da Ásia para o Catar. O técnico Hajime Moriyasu está à frente da renovação do time, mas mantém alguns veteranos: o goleiro Kawashima, do Strasbourg, o meio-campista Shibasaki, do Getafe, e o artilheiro Okazaki, do Leicester, que já marcou 50 gols pelo Japão.
A federação do Equador decidiu, no ano passado, entregar a bola para o colombiano Hernán Dario Gómez, vencedor como jogador e como treinador, que ainda não prescinde de Antonio Valencia, Achilier e Ener Valencia.
Na seleção chilena, a novidade também está no banco. Reinaldo Rueda, ex-Flamengo e campeão da Libertadores em 2016 com o Nacional de Medellín, tem a tarefa de classificar o time para o Mundial de 22. Vai chegando ao fim uma geração que ganhou a Copa América em 2015 e 2016, mas que não conseguiu ficar com uma das vagas para a Copa de 18.
A mudança é lenta. Valdivia está fora; continuam no elenco, porém, Medel, Isla, Jara, Aránguiz, Vidal, Vargas e Alexis Sánchez, maior artilheiro da história da seleção chilena, com 41 gols; Vargas, que já marcou 36, passou Zamorano e tem só 1 a menos que Salas.
O Uruguai continua sob o competente comando de Óscar Tabárez, e apoiando-se na zaga com Giménez e Godín, e apostando na força ofensiva de Cavani e Suárez - este o principal artilheiro da extraordinária história da Celeste.
Mas é no meio-campo que estão jogadores com idade e qualidade para ficarem mais de uma década no time. Torreira, Nández, Bentancur e Valverde podem cumprir o desafio de Tabárez, ou seja, ter um meio-campo à altura dos zagueiros e atacantes. Um novo problema surgirá quando chegar a hora de substituir Godín e Suárez.
O Uruguai venceu a Copa América 14 vezes; a Argentina, 13; e o Brasil, 8. Paraguai, Peru e Chile têm, cada uma, 2 títulos. A Colômbia foi campeã uma vez, assim como a Bolívia. Neste ano, os colombianos parecem ser os que podem desafiar os três favoritos de sempre: Brasil, Argentina e Uruguai.
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