Tangos e boleiros
O Santos teve seus direitos vilipendiados na Conmebol sem que houvesse qualquer comoção ou revolta por parte dos brasileiros, exceto, claro, dos Santistas, que perceberam a classificação na Libertadores deste ano indo embora de maneira covarde. Fui o advogado do caso e posso afirmar que o Santos foi prejudicado em todas as decisões. Aliás, não só não houve comoção por parte do grande público, como também não houve qualquer manifestação dos clubes brasileiros em favor do clube santista.
Depois, veio o caso do Cruzeiro, uma outra facada nos brios do povo celeste. Entenderam? Outro clube brasileiro. A revolta é geral, mas como sempre, tardia e ineficaz!
Já faz tempo que os clubes brasileiros estão sendo “violentados” dentro e fora do campo por esta entidade que faz questão de mostrar que os países que “hablan español” são mais “estimados” do que nós, mesmo com as cinco estrelas de Copa do Mundo no peito. Não estou aqui exigindo privilégios. Apenas respeito com o maior campeão do mundo e que faz parte do quadro de confederações da própria Conmebol.
Onde acho que está o problema? Na falta de representatividade do futebol brasileiro sim, mas muito mais na falta de união dos clubes que, ao invés de serem apenas adversários dentro do campo e parceiros fora dele, são inimigos. Ninguém “compra o barulho” de ninguém e todos seguem prejudicados ano após ano. Em 2008, quando o Sr. Hector Baldassi veio dentro do Maracanã arrancar o título do Fluminense no apito, nenhum clube brasileiro se insurgiu. Acharam graça.
No caso do Santos, nenhum clube se posicionou indignado com o absurdo ocorrido e deu no que deu, ou seja, na dilacerada que deram no Cruzeiro diante do Boca Juniors na primeira partida das quartas da Libertadores, a história também se repetiu. Ok, o Santos, de maneira digna se manifestou, através de sua rede social, a favor do Cruzeiro à época, mas é um caso raro de solidariedade no futebol brasileiro.
Quando escrevi sobre estes casos em minha rede social, alguns leram, comentaram, mas o sentimento lúdico pelo futebol, fecharam os olhos de alguns torcedores para o que vem acontecendo nesta instituição medieval. Naquela ocasião alertei para o fato de que a instituição trabalhava de forma nítida para uma final argentina e que privilegiava o River Plate na competição.
Foi assim no caso do Santos, umas das maiores atrocidades jurídicas perpetradas contra um clube brasileiro. Mesmo com as provas produzidas de que o erro havia sido dos funcionários da Conmebol, o Tribunal premeditou uma condenação ao Santos. Após quatro horas de julgamento, ficamos sabendo do resultado adverso por uma publicação de um jornalista argentino. Isso mesmo. Um periódico argentino deu o resultado pela imprensa antes de sermos intimados pessoalmente. Estranho, não?
Em caso idêntico, a entidade fechou os olhos para um jogador do River escalado em várias partidas alegando que “infelizmente” ninguém denunciou o clube argentino e que por isso não poderia ser punido. Só que no caso do Santos quem denunciou o clube brasileiro foi a própria Conmebol, ou seja, protegeu de maneira covarde o River Plate até que este chegasse a final da competição.
Ainda quanto ao Santos, puniu o clube por causa da confusão gerada no Pacaembu, mas agora fecha os olhos novamente para as atrocidades ocorridas neste fim de semana no Monumental de Nuñez. Nem preciso lembrar do treinador do River Plate, suspenso, indo ao vestiário no intervalo do jogo do Grêmio em Porto Alegre. Qual foi a punição? Um jogo? A postura da entidade, amadora e patética, demonstra que a competição resiste ao tempo pelo brilho histórico que possui e pela participação dos clubes brasileiros.
Não sei sinceramente como os patrocinadores ainda investem em algo tão bagunçado e duvidoso. Acredito que nossos clubes precisam se unir e se posicionar de forma dura contra o que está ocorrendo ou seguiremos todos nós prejudicados. Duvido que alguma empresa patrocine com altos valores uma competição sem os clubes brasileiros. Duvido. Com a força do futebol brasileiro seguiremos sendo meros espectadores desta covardia? Fica a reflexão!
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