Topo

André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Botafogo e Fluminense vivem "gangorra" na reta final, com a marca da SAF

De pênalti, Tiquinho abre o placar e garante vitória do Botafogo sobre o São Paulo - Vitor Silva/Botafogo
De pênalti, Tiquinho abre o placar e garante vitória do Botafogo sobre o São Paulo Imagem: Vitor Silva/Botafogo

Colunista do UOL Esporte

10/10/2022 07h45

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Não houve jogo no Morumbi encharcado. Mas teve Tche Tche sofrendo pênalti no final e Tiquinho Soares decidindo mais uma vitória fora de casa do Botafogo, que foi a 43 pontos, deixou o São Paulo com 40 e vai lutar por uma última vaga na Libertadores. Se conseguir, mesmo considerando a farra de times brasileiros no torneio continental, será bem mais do que o investidor John Textor esperava para o primeiro ano.

Já o Fluminense levou um chocolate do América no Maracanã, especialmente no primeiro tempo. Vagner Mancini orientou seus comandados para que concentrassem o mesmo número de jogadores no setor da bola e acelerassem a transição ofensiva, especialmente com Everaldo para cima de Caio Paulista. Terminou 2 a 0, mas poderia tranquilamente ter sido quatro. Vantagem administrada com relativa tranquilidade na segunda etapa.

O tricolor estacionou nos 51 pontos, com três derrotas seguidas, e saiu do G—4. Voltou da data FIFA goleando o lanterna Juventude, mas depois afundou. O campeonato é de perde-ganha mesmo, mas a impressão é de que, mais uma vez, o combustível do time de Fernando Diniz vai acabando antes do final da disputa.

Passa também por perdas importantes. Primeiro Luiz Henrique, negociado com o Real Betis, depois Nonato, pilar do meio-campo, que foi vendido pelo Internacional ao Ludogorets. A falta de reposição em nível parecido por conta das dificuldades financeiras pesou tanto quanto a insistência do treinador em apostar em uma formação titular e desgastá-la até o limite.

Já o Botafogo de Luís Castro ainda precisa pontuar mais no Estádio Nílton Santos e sofreu a temporada inteira com as transformações, ainda que para melhor. Não é simples reformular tudo disputando uma Série A. O risco de rebaixamento, porém, ficou para trás com os dez pontos acima do Ceará, 16º colocado. Nos últimos cinco jogos, quatro vitórias e derrota apenas para o líder Palmeiras. É possível sonhar mais alto.

Especialmente com os gols de Tiquinho, contratação de última hora que vai se encaixando no centro do ataque e, enfim, dando um candidato à idolatria em meio a várias caras desconhecidas ou sem protagonismo no cenário nacional. Já são quatro gols em sete partidas e o torcedor empolgado.

É difícil, até improvável, que a distância de oito pontos entre Fluminense e Botafogo seja tirada pelo Alvinegro, ainda mais vencendo pouco em casa. Mas os clubes cariocas vivem uma espécie de "gangorra" e podem terminar o Brasileiro bem mais próximos do que imaginavam. E isso passa, fundamentalmente, pelo dinheiro que faltou a um para repor peças importantes e o outro teve para investir, inclusive em um artilheiro de última hora.

O efeito SAF, salvando o futebol de clubes antes falimentares, já vai se fazendo presente também na Série A.