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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Virtual campeão, Galo atropela Corinthians que não sabia onde estava

Colunista do UOL Esporte

11/11/2021 06h47

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O primeiro gol dos 3 a 0 no Mineirão é um símbolo da imposição do Atlético sobre o Corinthians. Mesmo descontando a falha de Cássio.

Três passes rápidos e verticais do time de Cuca até o chute de Diego Costa na entrada da área. Todos com muito espaço cedido pela marcação distante. Com as linhas organizadas no 4-1-4-1 de sempre, porém sem nenhuma pressão sobre o adversário com a bola.

A impressão era de que Sylvinho não sabia onde estava. Muito menos que enfrentaria o virtual campeão brasileiro, que agora praticamente só depende da matemática para confirmar o título que espera por 50 anos.

Um time que venceu, mas sofreu contra Grêmio e América nas últimas partidas porque enfrentou linhas mais compactas. Adversários que tinham noção do poder do outro lado. Desta vez o Atlético nem precisou da criatividade de Nacho Fernández, vetado por desconforto muscular.

Keno entrou no quarteto com Zaracho, Hulk e Diego Costa no 4-4-2 de Cuca com sua nova dupla de ataque. O ponta teve toda liberdade também por dentro, para marcar um golaço, em outro chute de fora da área.

Não adiantou Sylvinho escalar Gabriel na proteção da defesa, substituindo Cantillo, à serviço da seleção colombiana. O volante brasileiro, aliás, foi humilhado pelas duas canetas de Zaracho em espaço de um lenço, na linha de fundo.

A opção por Renato Augusto como "falso nove" para atender pedido de Roger Guedes, que não quer mais atuar como uma referência móvel e prefere partir do lado esquerdo, não tem efeito prático.

Até porque o camisa oito foi meia mais adiantado no início da carreira, chegou a atuar como atacante no Flamengo de 2007/08 com Joel Santana, mas na sequência da carreira foi recuando. Inclusive atuando como volante mais fixo na campanha do ouro olímpico brasileiro em 2016. De costas funciona muito menos, é um desperdício de qualidade na organização.

O Corinthians não cria e defende mal. Terminou com 53% de posse, porém apenas sete finalizações. Nenhuma na direção da meta de Everson. Enquanto Hulk fechou os 3 a 0 subjugando os zagueiros João Victor e Gil.

Na última das 11 finalizações, cinco no alvo. Três nas redes. Para confirmar a 13ª vitória em casa, com invencibilidade de 21 partidas em seus domínios. Perdeu na abertura do campeonato para o Fortaleza e foi o único revés.

O Galo sobra e merece o título que se aproxima. Fez o que se espera de uma equipe competitiva: atropela em casa quando o oponente baixa a guarda. Sem perdão e com a qualidade de um elenco que entrega soluções ao treinador.

Focado e concentrado para entrar para a história do clube. Cuca já era o maior treinador atleticano, pelo título da Libertadores. Se vencer a Copa do Brasil será apenas a cereja do bolo de uma história espetacular.

Resta a Sylvinho aprender a se adaptar aos diferentes contextos. Ter modelo e sistema bem definidos é importante como um norte para os jogadores, mas não deve engessar a equipe, nem transformá-la em presa fácil quando as coisas fogem do controle. Marcação por zona e organizada não pode ser passiva. Até desarmou mais (16 a 13), porém com intensidade baixa e cedendo espaços generosos.

O Corinthians compete pouco e, neste cenário, a qualidade do elenco reforçado conta quase nada.

(Estatísticas: SofaScore)