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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Itália confirma vaga com melhor futebol da Euro até aqui

Manuel Locatelli comemora gol da Itália contra a Suíça, pela segunda rodada da Eurocopa - Getty Images
Manuel Locatelli comemora gol da Itália contra a Suíça, pela segunda rodada da Eurocopa Imagem: Getty Images

Colunista do UOL Esporte

16/06/2021 18h04

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A impressão de que a Itália deixou de ser protagonista no futebol europeu precisa da lembrança de que a campanha da última edição da Eurocopa, em 2016, teve chocolate na vitória por 2 a 0 sobre a então bicampeã Espanha e eliminação nos pênaltis para a Alemanha nas quartas. A seleção comandada por Antonio Conte fez o que pôde em um torneio com equilíbrio de forças.

Depois veio a insanidade de colocar Giampiero Ventura no comando e, ao ficar de fora da Copa do Mundo 2018, o diagnóstico de que o futebol italiano estava acabado. O que faltava, porém, era contar novamente com um bom treinador para liderar uma geração com qualidade, mesmo sem o craque midiático.

Com os 3 a 0 sobre a Suíça em Roma, a Azzurra de Roberto Mancini confirmou classificação para as oitavas da Euro e, com mais visibilidade, consolida uma espécie de redenção. A invencibilidade que chega a 29 partidas ratifica a solidez do jogo coletivo dentro de uma proposta ofensiva bem executada.

Gosta da bola, mais ainda de retomar no campo de ataque e acelerar. Com Locatelli na vaga de Verratti, o estilo fica ainda mais vertical. E ganha mais presença na área adversária. Mesmo que o meio-campista do Sassuolo inicie o ataque acionando Berardi pela direita em uma transição rápida e aparecendo na área para completar para as redes.

Depois a finalização precisa de fora da área no início do segundo tempo que castigou uma Suíça frouxa no meio-campo com Xhaka e Freuler à frente do trio de zagueiros num 3-4-2-1 que sacrificou Embolo contra a defesa italiana. Absoluta, mesmo sem Florenzi desde o início, com Di Lorenzo na lateral, e Chiellini, também lesionado e dando lugar a Acerbi.

Nunca perdendo a organização. Abrindo o campo com Berardi e Spinazolla, trocando passes por dentro no ritmo de Jorginho, só precisando de maior produção ofensiva de Barella. E fechando o placar com Immobile, artilheiro que fechou o placar com chute forte de fora da área, depois de duas oportunidades desperdiçadas em contragolpes.

Um prêmio a quem colabora cada vez mais sem bola, pressionando zagueiros e abrindo espaços arrastando marcadores. Mais um destaque dentro do coletivo com momentos de brilho. Pressionando e roubando no campo de ataque nos últimos minutos do jogo. Dividindo a posse, com os mesmos 85% de efetividade nos passes, porém finalizando bem mais: 13 a 5, três a um no alvo. As italianas foram nas redes, vencendo o goleiro Sommer.

Ainda fica a dúvida sobre a capacidade da tetracampeã em jogo eliminatório contra seleções com trabalhos consolidados e mais talentos individuais, como França e Bélgica. Mas o bom futebol, para o mundo ver, vale como uma espécie de resgate público. Da seleção e da liga, uma das mais interessantes do continente.

Competindo e entretendo, como a Itália faz como ninguém nesta Euro até aqui.

(Estatísticas: UEFA)