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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Se algum time repetir Corinthians 2017, Flamengo perde tri na Copa América

Arrascaeta e Gabigol celebram título do Flamengo - Thiago Ribeiro/AGIF
Arrascaeta e Gabigol celebram título do Flamengo Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL Esporte

12/06/2021 09h20

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O Flamengo tem cinco jogadores convocados para a Copa América. Incluindo Gabigol e De Arrascaeta, grandes destaques individuais dos últimos tempos.

Ainda Isla e Everton Ribeiro, este um dos capitães e, mesmo em má fase técnica, meia de difícil reposição no elenco. Piris da Motta, convocado pela seleção paraguaia, está de volta ao clube e seria, em tese, a ausência menos sentida.

O torneio continental de seleções, que vai para a sua quarta edição nos últimos seis anos, vai até dia 10 de julho. No pior cenário para os rubro-negros, Brasil e Uruguai fazem a final no Maracanã e o Chile disputa o terceiro lugar no dia 9.

Seriam oito rodadas do Brasileiro: América, RB Bragantino, Fortaleza e, provavelmente, Chapecoense (jogo ainda não confirmado na tabela) em casa; o clássico contra o Fluminense no Maracanã e Juventude, Cuiabá e Atlético-MG fora. O jogo adiado contra o Grêmio em Porto Alegre deve ficar para depois.

Por maior que seja a capacidade de investimento, são ausências importantes por muito tempo. Pergunte a Pep Guardiola, Jürgen Klopp ou Thomas Tuchel qual seria o impacto, mesmo em elencos milionários, de desfalques com peso semelhante. Sem contar a perda de entrosamento numa equipe ajustada. No quarteto ofensivo histórico, por exemplo, só restou Bruno Henrique.

Na prática, serão menos de 18 jogadores rodando direto por um mês. Ainda com a volta da terceira fase da Copa do Brasil contra o Coritiba. Considerando o histórico recente de lesões de Diego Alves e Rodrigo Caio e o desgaste natural dos que estarão sempre em campo, o prejuízo pode ser enorme.

Por isso a tentativa junto ao STJD de paralisar a competição por pontos corridos. Pedido indeferido, mas a pauta vai a julgamento no dia 17. De qualquer forma, é pouco provável que o clube consiga reverter. Até porque a CBF está irredutível e quer o fechamento do calendário 2021 até dezembro. E Atlético-MG, com quatro convocados, e Palmeiras, com três, não se associaram na reivindicação.

Caso o atual bicampeão brasileiro deixe muitos pontos pelo caminho, a possibilidade de um inédito tri consecutivo para o clube ficaria bem mais complicado.

Principalmente se algum concorrente repetir o Corinthians em 2017. Time de Fabio Carille que pavimentou o caminho para a conquista em um primeiro turno quase perfeito. Com 14 vitórias e cinco empates. 47 pontos conquistados. 82,5% de aproveitamento. O melhor da história nas primeiras 19 rodadas no formato atual, com 20 clubes.

Nas dez primeiras rodadas, o Corinthians somou oito vitórias e dois empates. Se algum concorrente do Fla alcançar tal feito, pode ficar impossível correr atrás depois. Até porque as eliminatórias sul-americanas seguirão desfalcando até o fim do ano e ainda tem a Olimpíada em Tóquio, que deve tirar Pedro por mais um tempo. Sem contar Gerson, que vai embora e a perspectiva é de não contar com reposição do mesmo nível. A única boa notícia é a volta de Thiago Maia, mas é difícil prever o desempenho do meio-campista depois de oito meses longe dos gramados.

Cenário complexo e um desafio para Rogério Ceni. Se conseguir fazer o time ser competitivo mesmo desfigurado vai calar os críticos que costumam creditar as vitórias e títulos apenas às individualidades, ainda que o padrão de jogo seja nítido. Por outro lado, tropeços seguidos no período podem até custar seu emprego.

O mais justo seria a pausa, como em 2019, quando o país também sediou a Copa América. Mas cobrar coerência no futebol brasileiro sempre foi pedir demais. Os mais competentes sempre acabam punidos por convocações em um calendário que é insano para atender os interesses da nefasta estrutura federativa, que sustenta estaduais inchados e cada vez menos relevantes. É a "lógica" perversa da CBF.