Topo

André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Tetra gaúcho, Grêmio de Douglas Costa e Ferreira será atração no Brasileiro

Ferreirinha comemora gol do Grêmio - Lucas Uebel/Lucas Uebel/Gremio FBPA
Ferreirinha comemora gol do Grêmio Imagem: Lucas Uebel/Lucas Uebel/Gremio FBPA

Colunista do UOL Esporte

24/05/2021 08h27

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O Grêmio saiu da dura transição do trabalho de quatro anos e meio de Renato Gaúcho, maior ídolo da história do clube, para oito vitórias consecutivas e o empate por 1 a 1 na Arena contra o rival Internacional que garantiu o tetracampeonato gaúcho.

Agora com Tiago Nunes no comando, um treinador que ganhou visibilidade no cenário nacional fazendo os ajustes necessários no trabalho de Fernando Diniz no Athletico-PR, porém não conseguiu dar o salto na carreira mudando a identidade de jogo do Corinthians. Agora volta ao clube em que trabalhou nas divisões de base para novamente arrumar o que se perdeu com o desgaste natural de fórmulas, ideias e manias do antecessor.

Mantendo, porém, a ideia de vencer o grande rival jogando nos espaços cedidos ao atrair e permitir que o Inter tivesse a bola e se impor no maior controle emocional. Mesmo com as expulsões de Rafinha e Yuri Alberto no primeiro tempo que abriram um pouco o campo e tornaram o jogo mais caótico.

Com 36% de posse, finalizou as mesmas 12 vezes que o Colorado e foi às redes na transição rápida, com Matheus Henrique acionando Diego Souza e deste para Ferreira limpar Rodinei e abrir o placar. No segundo tempo, a falha no jogo aéreo com bola parada que resultou no gol do empate, de Rodrigo Dourado. Mas não passou disso.

Na comemoração, choro de alívio de Tiago Nunes por começar seu ciclo com taça e sem tanta pressão. Também lágrimas na despedida de Pepê, que vai jogar no Porto. Impressionante a renovação gremista nos pontas talentosos: de Everton Cebolinha a Pepê e agora deste para Ferreira. Mas agora, com a volta de Douglas Costa, o time gaúcho pode ter dois "extremos desequilibrantes", como diria Tite.

De volta aos 30 anos, o ponteiro que rodou a Europa nas últimas 11 temporadas ainda pode entregar futebol em alto nível se mantiver uma sequência sem as lesões que atrapalharam até a afirmação na seleção brasileira. Aberto pela esquerda buscando drible e o fundo do campo para cruzar ou vindo da direita para dentro e finalizando.

Pontas para abrir defesas e acionar Diego Souza, artilheiro do Gaúcho com sete gols. Ou decidindo em rápidas transições ofensivas, dentro da proposta de Tiago de se adaptar às demandas de cada jogo. Combinando juventude e experiência, atacando e defendendo com eficiência - o Grêmio teve a defesa menos vazada do estadual, com 12 gols sofridos.

Sem Renato no comando e a Libertadores no horizonte, o tricolor gaúcho pode, enfim, tratar o Brasileiro como prioridade. Apesar da cultura copeira do clube e do fato de Tiago ter sido campeão justamente no mata-mata, com as conquistas da Sul-Americana e da Copa do Brasil no Athletico.

Mas o equilíbrio de forças e vários candidatos ao título, como Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Atlético-MG e Internacional, não permitem mais a estratégia de se manter na primeira página da tabela escalando reservas em vários jogos e tentar um "sprint" final, quando é eliminado nas outras competições. Em 2020, a derrota na final da Copa do Brasil e a sexta colocação, com o Palmeiras em sétimo, empurrou o time para as fases preliminares do principal torneio continental. E ainda proporcionou o grande susto de quase ver o grande rival sair antes da fila no Brasileiro.

É arriscado e um enorme desperdício. A equipe de Tiago, Ferreira, Douglas Costa e também Rafinha, Geromel, Matheus Henrique e Diego Souza, além do promissor goleiro Brenno, será uma grande atração da competição por pontos corridos que começa no domingo contra o Ceará, no Castelão.

O Grêmio é time para ser competitivo dentro da escola gaúcha, mas capaz também de entregar espetáculo protagonizando grandes clássicos nacionais. Na busca do título que não vem desde 1996.

(Estatísticas: SofaScore)