Topo

André Rocha

Galo começa a se impor pela "exclusividade" no Brasileiro

19/09/2020 - Atlético-GO x Atlético-MG - Keno, do Atlético-MG, comemora gol - Carlos Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo
19/09/2020 - Atlético-GO x Atlético-MG - Keno, do Atlético-MG, comemora gol Imagem: Carlos Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL Esporte

20/09/2020 07h17

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O Internacional enfrentou o Fortaleza na capital cearense com a cabeça no Gre-Nal de quarta pela Libertadores. Inevitável pela importância do jogo do Grupo E na fase de grupos, mas também por conta do simbolismo.

Será o quarto clássico gaúcho na temporada e o treinador Eduardo Coudet está obcecado para alcançar a primeira vitória, depois de um empate, no próprio torneio continental, e três derrotas. Sem contar os nove jogos de invencibilidade do time de Renato Gaúcho no duelo que sempre para Porto Alegre.

Só que o Inter não conta com elenco tão homogêneo para se garantir com cinco mudanças e deixando D'Alessandro, Boschilia, Rodrigo Lindoso e Abel Hernández no banco. Thiago Galhardo nem viajou e a equipe ainda sofreu com duas lesões musculares na partida: Patrick e Johnny.

Para piorar, enfrentou um time arrumado e sempre pronto para competir. Rogério Ceni trabalhou a saída de bola limpa com atuação primorosa do zagueiro Paulão e a habitual aceleração na frente com Romarinho e Osvaldo pelos flancos e David circulando e se aproximando de Wellington Paulista.

O Fortaleza trabalhou contando com a perda de foco do Inter, mesmo com as substituições que, em tese, fortaleceriam o então líder do Brasileiro. Deu certo na cobrança de lateral que terminou no chute forte do volante Felipe, destaque não só pelo gol, mas também pela contribuição na circulação da bola - teve 82% de efetividade nos passes.

O Colorado deixou mais três pontos pelo caminho, depois da derrota para o Goiás, também por 1 a 0, na rodada passada. Justamente quando passou a ser necessário dividir atenções com a competição continental. E parece claro que nesta temporada atípica será a tônica, mesmo com elencos mais qualificados como Flamengo e Palmeiras. Sem o ponto fora da curva que foi Jorge Jesus em 2019, competindo em alto nível em duas frentes.

O português foi o grande algoz de Jorge Sampaoli, que no Santos só tinha o Brasileiro para dar conta depois de duras eliminações na Copa do Brasil e na Sul-Americana, mas ainda assim oscilou mais. Também pela falta de um elenco qualificado e homogêneo para conviver com as inevitáveis lesões, suspensões e convocações para datas FIFA sem parada do calendário nacional.

Por isso o argentino cobra contratações todos os dias para contar com opções de nível semelhante e nunca baixar a guarda. Mesmo com a "exclusividade" das atenções na competição por pontos corridos. E Sampaoli tem pressa, porque sabe que o momento de tomar a liderança e abrir vantagem é agora, enquanto há mais times envolvidos em Copa do Brasil e Libertadores.

O Atlético-GO venceu Flamengo e Vasco com os times cariocas muito modificados pelas circunstâncias. Ainda tirou pontos de Grêmio e Fluminense, este o adversário pela Copa do Brasil no meio da semana. Derrota no Maracanã por 1 a 0 e disputa decisiva pela vaga nas oitavas-de-final na quinta-feira em Goiânia.

Por mais que Vagner Mancini dê importância ao Brasileiro, a chance de ir mais longe no mata-mata nacional e, principalmente, faturar uma cota a mais no torneio pesam no planejamento e minam as forças de um elenco que já não é recheado de boas opções.

Ainda assim, deu trabalho ao Galo no Estádio Olímpico. Abriu o placar com Oliveira e chegou a fazer 2 a 1 com Gustavo Ferrareis depois do empate da equipe mineira com Keno. O primeiro dos três gols do artilheiro e destaque da noite. Aberto pela esquerda no 4-3-3 que ficou ainda mais ofensivo e contundente com a volta de Nathan, que saiu do banco para substituir Allan e fazer o outro gol do time de Sampaoli.

No momento de dificuldade, o Atlético Mineiro teve concentração e elenco disponível para virar e assumir a liderança, mesmo com um jogo a menos em relação ao Internacional. Agora com o ataque mais positivo, com 18 gols, superando os 15 do próprio Colorado e do Vasco, que ainda joga na rodada e também tem uma partida a menos.

Ainda instável defensivamente - levou 12 gols, média superior a um por partida, e permitiu 19 finalizações do time goiano, nove no alvo. Mas centrado em apenas uma frente pode colocar intensidade máxima e lutar por cada ponto, rodada a rodada.

É lógico que o Galo não tem motivos para comemorar as eliminações precoces, e até vexatórias, na Copa do Brasil (Afogados) e Sul-Americana (Uniòn Santa Fé). Mas Sampaoli, que chegou depois, sabe que tem a chance de disparar nos pontos corridos neste período.

A semana será "cheia" até sábado, enquanto o Grêmio, adversário no Mineirão, virá esfalfado por um duelo histórico e que pode gerar baixas. Sem contar a cultura do clube gaúcho e de Renato Gaúcho, que trata o Brasileiro como a última opção.

Para Sampaoli é prioridade máxima, obsessão. Talvez apenas essa volúpia insana do argentino, deixando o ambiente instável mesmo com bons resultados, possa impedir o Galo de buscar o título que não vem há quase meio século. Ele nunca pareceu tão possível.

(Estatísticas: SofaScore)