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André Rocha

Arsenal x Chelsea na final da Copa da Inglaterra é alerta para Champions

Colunista do UOL Esporte

19/07/2020 16h17

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O Manchester City é o atual campeão da Copa da Inglaterra e carregava favoritismo na semifinal contra o Arsenal em Wembley. Também pelo desempenho, recente e nos últimos anos, dentro do trabalho consolidado de Pep Guardiola. Em contraste com os primeiros passos de Mikel Arteta, ex-auxiliar do catalão, como treinador e no clube londrino.

O Manchester United de Solksjaer não era derrotado desde janeiro, com 19 jogos de invencibilidade - 14 vitórias e cinco empates. Ascensão pela evolução do trabalho coletivo aditivado pela maturidade de Bruno Fernandes na criação, contando com auxílio de Pogba, e Martial se afirmando no ataque, que ganha ótima opção com o jovem Mason Greenwood. Parecia viver melhor momento que o oscilante Chelsea de Frank Lampard.

Mas a definição em jogo único carrega o próprio contexto e aumenta exponencialmente as imprevisibilidades. As Copas do Mundo historicamente já mostraram surpresas em profusão. Um jogo ruim, uma surpresa na tática e estratégia ou um simples golpe de sorte pode virar tudo do avesso. Ainda mais sem torcida, tirando a atmosfera desta equação.

Arteta foi feliz ao organizar o Arsenal na variação do 3-4-3 para o 5-4-1 sem bola que deixou David Luiz mais protegido no centro da zaga, lembrando os movimentos dos tempos do Chelsea de Antonio Conte. Assim o brasileiro cresce e mostra sua qualidade também nos passes verticais contribuindo na construção das jogadas. Na frente, aceleração e dinâmica com Pépé e Aubameyang nas pontas e Lacazette se mexendo e incomodando García e Laporte.

O City teve 70% de posse, 88% de efetividade nos passes e 16 finalizações. Mas apenas uma na direção da meta de Martínez. O Arsenal concluiu quatro, todas no alvo. Duas nas redes com Aubameyang. 2 a 0. Organização e eficiência. Mais uma dura lição para Guardiola: em 90 minutos, o volume de jogo sem precisão e contundência no acabamento dos ataques é inócuo. Mesmo com o talento e o esforço do cada vez melhor Kevin De Bruyne.

Nem isso o United conseguiu. Frágil, sem intensidade. E disperso com a lesão do zagueiro Bailly e vacilando nos acréscimos mais longos por conta do atendimento. Combinação pela direita de Willian e Azpilicueta, atacando como lateral mesmo na função de zagueiro e servindo Giroud.

O time vermelho de Manchester murchou no início da segunda etapa com a falha grotesca do goleiro De Gea no chute de Mason Mount. Afirmando de vez o 3-4-3 de Lampard com muito ritmo e fluência - terminou praticamente dividindo a posse e finalizando 12 vezes, contra sete do United. Com Jorginho na distribuição por dentro e força também pela esquerda, com Marcos Alonso aproveitando o corredor deixando pela mobilidade de Mount.

Foi pelo setor a jogada que Maguire marcou contra em disputa com Rudiger. A larga vantagem deixou o jogo em ritmo de treino, também por conta das muitas substituições. Os Red Devils se lançaram à frente, mas só conseguiram ir às redes e diminuir para 3 a 1 no pênalti convertido por Bruno Fernandes, que oscilou no momento errado. Era a chance de título na temporada para consolidar a recuperação do maior vencedor na Inglaterra.

Mas em partida eliminatória não se pode errar tanto. Por isso os times de Manchester não estarão em Wembley no dia 1º de agosto. Para o City, particularmente, fica o aprendizado pensando no grande objetivo da temporada. E é preciso ficar alerta antes de se imaginar em Lisboa.

Contra o campeão espanhol Real Madrid, mesmo em casa e com vantagem, se falhar na frente e atrás como diante do Arsenal o sonho pode se esvair em 90 minutos. Antes disso, Gunners e Blues vão medir forças em clássico londrino valendo taça. Quem manterá a força no duelo derradeiro?

(Estatísticas: Whoscored.com)