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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Palmeiras de Abel na Libertadores: domínio absurdo e pouco reconhecido

Jogadores do Palmeiras comemoram classificação para a semifinal da Libertadores - Amanda Perobelli/Reuters
Jogadores do Palmeiras comemoram classificação para a semifinal da Libertadores Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

30/08/2022 17h29

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Dificilmente você encontrará um grupo de palmeirenses banhados na soberba. Hoje ou em qualquer momento da história.

Atual bicampeão da América, líder isolado do Brasileirão, disputando a quarta semifinal em cinco temporadas, invicto fora de casa na competição há 20 jogos, enfrentando uma equipe sem tradição de grandes títulos, o Palmeiras deveria ser muito favorito contra o Athletico-PR.

Mas uma passada na porcosfera confirma que não há quase ninguém disposto a cravar um lugar na final. Boa parte da imprensa crava a final, mas com derrota para o Flamengo.

Tem o Felipão. A Arena da Baixada. A lei do ex. Tem o Bento, o Fernandinho, o Pablo, o Vitor Roque. Não tem o Danilo. Não tem o Scarpa. Tem alguma coisa que em alguma hora vai dar errado. E provavelmente vai ser hoje.

Já escrevi aqui sobre a recusa da torcida alviverde em aceitar favoritismos ou subir no salto que lhe seria de direito.

O que me chama atenção agora é que, quase sem querer, o Palmeiras está normalizando a excelência. Ninguém vai pedir a cabeça do Abel se a equipe cair diante do Furacão, claro. Mas me parece que, no fundo, todos esperam que se concretize a terceira final seguida.

Vou repetir: terceira final seguida. Abel Ferreira chegou há menos de dois anos e tem no currículo, no mínimo, dois títulos e uma semifinal. Nunca (eu repito, nunca) perdeu uma partida como visitante. É insano.

Sua posição e a deste Palmeiras na história deveriam ser indiscutíveis. Aliás, acho até que são: no resto da América do Sul.

Mas daqui de dentro, como quase tudo que exige autoconhecimento, parece que pouca gente enxerga isso. Ou está tão perto que quase não acredita que tudo possa ser tão bom ou precisa achar um jeito de desmerecer para não ofuscar.

Vamos, então, manter a perspectiva: em um ano e 10 meses de Palmeiras, Abel Ferreira terá disputado mais semifinais de Libertadores do que o Corinthians em toda a sua história. Ou o São Paulo nos últimos 12 anos. Ou o mesmo que o Santos em 11 anos.

Felipão fez história conquistando duas Libertadores em toda a sua vitoriosa e longeva carreira. Mesmo número que Abel amealhou em menos de dois anos.

Não há poréns nessa trajetória. Há rixas, tensão e discórdia, afinal isso é futebol. Mas que eles venham acompanhados do devido reconhecimento que este grupo merece.