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Amigas criam abrigo com guarda-chuva para crescente população de rua no RJ

Mariza Alves é uma das voluntárias que produz sacos de dormir e esteiras térmicas - Arquivo pessoal
Mariza Alves é uma das voluntárias que produz sacos de dormir e esteiras térmicas Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, em Recife

06/09/2021 06h00

Com o aumento da população em situação de rua, um dos problemas ocasionados pela crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, moradoras de Petrópolis (RJ) perceberam que o frio e a chuva estavam atingindo severamente pessoas sem-teto na cidade.

Um grupo de amigas inconformadas com a situação criou o projeto Guarda-chuvas que Acolhem. Elas utilizam os tecidos do acessório para produzir sacos de dormir que amenizam a sensação térmica. Mais de 50 moradores de rua foram atendidos pela ação.

A iniciativa partiu de uma ex-servidora da prefeitura do município, que chegou a coordenar um gabinete de cidadania, ligado ao Gabinete do Prefeito.

"Lá, entre outras ações, criamos uma rede para atendimento e políticas públicas específicas para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Com a pandemia e o aumento do frio, montaram-se tendas para o acolhimento. Porém, muitos não aceitam o convite e preferem permanecer na rua. Por isso, pensamos no projeto", explicou Anna Rattes, uma das idealizadoras.

Segundo ela, a situação dos moradores de rua da cidade causou nela e nas amigas uma inquietação. Anna Rattes tomou conhecimento de um projeto de aproveitamento do tecido de guarda-chuvas em desuso, que por ter uma característica impermeável protegeria os usuários do frio e da umidade.

Guarda-chuvas - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Mais de 50 moradores de rua foram contemplados com os sacos de dormir produzidos com guarda-chuva
Imagem: Arquivo pessoal

"Aqui em Petrópolis, temos o 'russo' que é uma garoa muito gelada. Montamos então os Guarda-chuvas que Acolhem. Divulgamos, recebemos várias doações e passamos a confeccionar uns sacos de dormir tipo aqueles que se usam em acampamentos. Deu muito certo. A aceitação foi ótimo", disse.

Ficou claro para as voluntárias do projeto que apesar de confortáveis, os sacos se mostraram ineficientes contra o frio. A partir dessa observação, as amigas decidiram produzir mantas do tipo edredom utilizando o tecido de mais guarda-chuvas.

"Já distribuímos mais de 50 sacos. Recebemos doações de guarda-chuvas quebrados e transformamos em abrigos secos. Somos três desmontando as armações e costurando os sacos. Temos várias pessoas doando os guarda-chuvas. Muitas nem conhecemos. Deixam na portaria da minha amiga", continuou Anna Rattes.

Mariza Alves também participa do Guarda-chuvas que Acolhem. Ela explicou que, além dos sacos de dormir, o projeto produz esteiras térmicas. "Feito esteiras de praia. Usamos as caixinhas de leite longa vida para fazer mantas. A gente recolhe, limpa, emenda uma na outra e faz tipo uma esteira de praia. Eles colocam no chão no lugar do papelão e tem a parte térmica da caixa. Agora, estamos com escassez de guarda-chuvas porque passou o período de chuvas", esclareceu.

Mariza ressaltou que a pandemia levou mais pessoas para a situação de rua e que vem percebendo esse movimento em Petrópolis. "São muitos moradores e com a pandemia apareceram outros tantos. Muita gente da Baixada que veio e está por baixo das marquises. É criança e gente idosa... Nós tentamos ajudar de todos os jeitos", disse.

A voluntária lembra que o trabalho é feito com amor e que se sente acalentada em poder ajudar. "É muito bom participar desses trabalhos sociais. Gosto de ajudar desde sempre. Sou Mamãe Noel em dois hospitais. Acho que o Homem lá de cima me retribui muito por isso", comenta.

Para ter acesso ao projeto, basta acessar a página do Instagram. Ou entrar em contato pelo telefone: (21) 99986.9661, com Anna Rattes