Línguas indígenas faladas por milhares estarão disponíveis em celular
Povos indígenas falantes de kaingang ou nheengatu poderão usar a língua nativa em aparelhos de celular. Será possível substituir o teclado e o menu em português brasileiro para o da fala indígena. O recurso será disponibilizado nos novos aparelhos Motorola ou que forem atualizados para o sistema Android 11, a partir desta sexta (25).
O kaigang é falado pelos kaingang, povo que habita estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A língua é estudada e formalizada por professores e acadêmicos desde os anos 1960. O nheengatú é falado na bacia do Rio Negro, na Amazônia. É uma derivação do tupi antigo, língua falada por diversos povos quando os europeus chegaram ao território brasileiro.
O nheengatú, ou tupi moderno, é uma das línguas mais importantes do país. Era falada em toda a região amazônica não apenas por indígenas, mas por escravizados, trabalhadores livres e colonos em toda a região a partir do século 19.
A Motorola contou com o trabalho do professor do Departamento de Linguística da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Wilmar D'Angelis, e testou aparelhos entre os povos para implementar os idiomas.
Segundo Janine Oliveira, diretora da Motorola, é uma maneira de preservar, ampliar e atender povos indígenas que utilizam aparelhos móveis. "Um passo importante em direção a uma experiência móvel mais inclusiva", diz. De acordo com a empresa, será a primeira vez que os idiomas estarão disponíveis para modelos da marca.
A empresa afirma que irá divulgar abertamente os códigos para que mais desenvolvedores consigam programar softwares e outras ferramentas nos dois idiomas indígenas.
Em 2014, existiam cerca de 45 mil kaingang no país. Em São Gabriel da Cachoeira, noroeste do Amazonas, o nheengatú é considerado idioma oficial e é ensinado em escolas e institutos federais. De acordo com o IBGE, o município tem cerca de 46 mil habitantes.
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