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Papo Preto #12: Babu Santana fala sobre desconstrução e estereótipo

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

28/11/2020 04h00

Faz parte do estereótipo estruturado pelo racismo a ideia - e até a expectativa - de que homens negros são brutos, duros, agressivos. Mas quando o Brasil assistiu ao artista Babu Santana no BBB, presenciou um homem delicado, sensível, sem medo de chorar e de cuidar daqueles ao seu redor.

No 12º episódio de Papo Preto, Pedro Borges, editor-chefe do Alma Preta, conversa com Babu, entre outros assuntos, sobre a construção dessa sensibilidade enquanto homem preto.

Nascido e criado na comunidade carioca do Vidigal, Babu conta que, como quase sempre acontece, também viveu uma realidade que "vai te criando carapaças", e, às vezes, até mesmo cobrando uma posição agressiva. Mas isso não define uma pessoa. Babu também viveu coisas diferentes:

"Por isso, foi muito legal ter feito teatro", conta (a partir de 30:45 do arquivo acima). "Acho que teatro, artes plásticas, música, tinha que ser matéria de escola, mano. Porque te leva a uma autorreflexão. Teatro não é pra você ser um grande astro ou estrela, é para você se ver. A arte faz com que você olhe para si mesmo e para os outros e reflita sobre o que está ao seu redor, sabe? Eu atribuo à arte a minha sensibilidade".

Além da arte, outra vivência contribuiu para a personalidade que cativou colegas e espectadores. "Atribuo à arte e à minha família. Cara, cada membro da minha família me amou e me ama num grau que eu me sinto a pessoa mais amada do mundo", diz (a partir de 32:17 do arquivo acima).

Seu processo de construção continua. Entre as muitas pessoas que tiveram sua consciência pelos posicionamentos de Babu no BBB, está o próprio Babu.

"Quando saí (do programa) e vi que parte das coisas que coloquei serviu também para um debate social, eu fiquei muito feliz, empenhado e tô atrás agora do conhecimento que eu não tenho que eu não tinha né?", afirma (a partir de 26:17 do arquivo acima). "Hoje estou muito mais ligado aos movimentos, não só ao racismo, mas homofobia, machismo. Tô muito mais ligado em todo esse movimento, até porque as pessoas começaram a me enxergar como uma referência. Então, se eu sou uma referência, quero ser uma boa referência".

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