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Sérgio Luciano

Humanização e colaboração como caminho para empresas saudáveis

26/08/2020 04h00

A pandemia trouxe à tona uma coisa que já vem sendo exaustivamente discutida há um bom tempo: somos seres integrais.

A separação física que antes existia entre o "eu pessoal" e o "eu profissional", por trabalharmos em um ambiente e morarmos em outro, agora dá espaço ao trabalho remoto e inusitadas situações onde crianças pulam na frente das câmeras durante uma conversa, cachorros fofinhos roubam a cena numa reunião, brigas de filhas e filhos ecoam durante um breve momento onde esqueceu-se o áudio ligado.

Se antes a pessoa estava abalada com um problema pessoal e isso impactava seu desempenho no trabalho, e dizer para ela "deixa os problemas fora da empresa" pouco adiantava ou ainda trazia um senso de inadequação para muitas, agora não só os pensamentos continuam presentes, mas também essa integralidade é vista na simbiose entre casa e espaço de trabalho.

Calma! Não estou entrando no mérito de dizer que as situações que mencionei antes são aceitáveis durante reuniões, atividades de trabalho, etc. Tampouco estou dizendo que são recrimináveis e antiprofissionais. Só estou dizendo que, quer a gente queira, quer não, a vida acontece para além do que estamos vendo.

Em minha caminhada pessoal e profissional, tenho aprendido que negar essa integralidade tem trazido mais perdas do que ganhos. Ao menos, para as pessoas. Estresse, burnout e depressão estão aí, e não nos deixam mentir.

Digo que traz perdas para as pessoas porque, numa lógica mecanicista, fortemente promovida a partir da revolução industrial, a compartimentalização da vida é perfeita. Desumanizamos as pessoas, elas se tornam engrenagens de uma máquina de produzir produtos ou serviços. Sentimentos, diálogo, escuta, acolhimento, só servem para tornar as engrenagens menos produtivas. Tempo, é dinheiro.

Isso quer dizer que eu tenho aversão a dinheiro, ou a ser eficiente? Não! Cuidado com suposições.

Meu ponto aqui é que tudo é questão de narrativa. E, felizmente, cada vez mais empresas estão tendo um olhar para a colaboração, cuidado, respeito pelo ser humano, escuta, empatia, etc. E isso pode ser rentável e eficiente também.

Muitas empresas estão percebendo que pessoas estressadas e infelizes, que não se sentem pertencentes, são reflexo de ineficiência. Algumas, mais vanguardistas, estão percebendo que ambientes colaborativos e humanizados são o ponto de partida da conversa. E entendendo que resultado sem humanização não é resultado. Ao menos, não um resultado de fato sustentável.

Tem gente que diz que esse discurso é fofo, bonito. Mas fadado ao papel. Na prática, não funciona. Que é uma ilusão, sem chance de isso acontecer. E que as relações profissionais vão ser sempre exploratórias, e vence quem grita mais alto, ou ser o melhor é a única coisa que importa.

As demandas que tenho recebido para falar sobre comunicação e empatia, colaboração, novos paradigmas para empresas, me fazem pensar um olhar de colaboração e humanização está ganhando cada vez mais espaço. Também vejo isso em conversas com pessoas da área de treinamento, gestão de pessoas, ou ocupantes de cargos de direção.

Aliás, tá aí uma pandemia para nos dizer que todo produto e serviço, diante do contexto, vai se adaptando para continuar existindo. Produtos ou serviços que num passado recente tinham uma mega resistência à adaptação para serem oferecidos no ambiente digital, agora fazem uma migração. Alguns com perda de qualidade na entrega, outros com melhoria considerável.

Insisto na ideia de que as mudanças são possíveis, mas para isso acontecer precisamos nos desvencilhar de paradigmas já enraizados e nos permitirmos questionar diversos pressupostos. Estarmos abertos ao desconhecido e termos a curiosidade de uma criança, que se encanta pelo universo de possibilidades à sua frente e cada novidade é uma aventura.

Se você tem interesse em explorar como colaboração e humanização podem andar de mãos dadas com seu negócio, ou com sua equipe, ou com sua vida pessoal, quero te convidar para conhecer um projeto aberto no qual estou envolvido que busca dar visibilidade a diversas tecnologias sociais que contribuem para apoiar o desenvolvimento pessoal e organizacional, o fortalecimento de comunidades e a regeneração planetária.

Já pensou que o viver e relacionar-se consigo, com o outro e com o planeta, poderia ser uma grande brincadeira onde todos cooperamos para ganharmos juntas?

Permita-se acessar esse lugar de imaginação a partir da sua criança interior e deixar sua voz adulta e pragmática, ao invés de criticar o sonho, pensar em condições para tornar esse sonho cada vez mais real.

Acesse a página do CollabDesign, inscreva-se para fazer parte dessa comunidade (é gratuito, viu) e vamos descobrir e construir esse caminho juntas. É tudo uma grande exploração. E a única certeza que temos é que essa jornada só se faz, e faz sentido, em companhia.