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Sérgio Luciano

Democracia Profunda e o desafio de escutar o diferente, genuinamente

24/06/2020 11h35

Nunca estivemos tão conectados como nos dias de hoje. A tecnologia digital tem evoluído cada vez mais, a ponto de podermos estar do outro lado do mundo, ainda que apenas virtualmente, em poucos segundos e ao clique de um botão.

Ao mesmo tempo, parece que nunca estivemos tão separados e tão presos em nossas próprias bolhas e verdades compartilhadas com essas bolhas. Bom, talvez isso sempre tenha sido assim, e com a tecnologia passou a ser mais evidente a desconexão que existe entre nós.

Vivemos tempos de extrema polarização no campo político, onde parece que dificilmente há espaço para diálogo com o divergente e sobra energia para ofensas e culpabilizações. Ataques de todos os lados. E quem tenta se posicionar no meio, encontrar outros caminhos, apanha duas vezes.

E será possível a gente transcender essa polarização? Será possível dialogar e conviver com o diferente, sem que esse seja um risco para nossa existência? Se sim, o que seria necessário pra isso acontecer?

Não tenho respostas certas, mas tenho trilhado alguns caminhos que tem me apresentado perguntas e reflexões que apoiam na investigação de possibilidades. Dentre esses caminhos, a Democracia Profunda.

Segundo Arnold Mindell, físico e analista junguiano americano, que cunhou esse termo:

Métodos democráticos, regras e leis sozinhas não criam um senso de comunidade. Regras e leis podem governar sistemas mecânicos, mas não pessoas. Esse paradigma do qual falo (democracia profunda), reconhece que organizações são seres parcialmente mecânicos precisando de mudança comportamental. Entretanto, organizações são também organismos vivos dos quais o sangue vital é composto por sentimentos, crenças e sonhos. Ignorar o fluir desse sangue, ou seja, as interações momento a momento, descarta emoções e reprime o que eu chamo de 'background sonhador' da vida diária de escolas, negócios e cidades.

Essa semana fui convidado a falar sobre Democracia Profunda e trazer provocações sobre como podemos vivenciá-la em nosso cotidiano.

E como é um tema muito mais complexo do que alguns caracteres escritos dariam conta de aprofundar, bem como é algo que acredito poder contribuir com valiosas reflexões sobre como temos nos relacionado com o diferente (em nós e nos outros), resolvi usar esse espaço para gerar uma provocação e te convidar a assistir a essa conversa, que ficou gravada.

Se quiser se remexer de desconforto na cadeira, desafiar pressupostos e escutar algo diferente, dá um play no vídeo abaixo.