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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A ajuda aos nossos também é resistência

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

20/09/2021 06h00

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O caos da pandemia dificultou a vida de todos nós, e, principalmente, a daquelas pessoas que perderam seus trabalhos e, sem apoio de nada nem de ninguém, têm sofrido com o fantasma da fome, que voltou mais forte do que se podia imaginar.

Fazer o bem para os nossos. Com isso em mente, fui convidada a fazer um ato de bondade nas próximas semanas. Várias pessoas se voluntariaram a ir num sábado à tarde no famoso Largo do Arouche, centro de São Paulo, para organizar a entrega de cestas básicas a pessoas LGBTQIA+ que estão em situação de vulnerabilidade.

Distribuição de cestas básicas no Largo do Arouche com a colunista Mari Rodrigues - Divulgação/Coletivo Arouchianos - Divulgação/Coletivo Arouchianos
Distribuição de cestas básicas no Largo do Arouche, em São Paulo. A colunista Mari Rodrigues esteve como voluntária no local
Imagem: Divulgação/Coletivo Arouchianos

Algumas imagens ficaram marcadas na minha cabeça, e foram de cortar o coração. Famosas figuras da cena LGBTQIA+ paulistana na fila, sendo homenageadas, e conseguindo alguma comida para resistirem em períodos tão sombrios. Uma senhora, que devia ter os seus cinquenta e poucos anos, tão desesperada por conseguir aquela ajuda que foi difícil orientá-la a seguir o fluxo da fila, para minimamente organizar a distribuição sob um protocolo de segurança, afinal, a pandemia ainda não acabou.

É emblemático que essa distribuição tenha ocorrido ali no Largo do Arouche, histórico ponto de encontro e de resistência de pessoas LGBTQIA+, em sua maioria periféricas, que ali se divertiam nos fins de semana, para aliviar a tensão depois de uma longa semana de trabalho. Largo este que tem sucumbido à gentrificação, à especulação imobiliária e a uma reação que quer essas pessoas longe dali. Mas que tem resistido e se mostrado cada vez mais diverso.

E é mais emblemática ainda que essa iniciativa parta de pessoas LGBTQIA+, como nesta ação, realizada por pessoas LGBTQIA+ frequentadoras do Largo do Arouche, que desde o começo da pandemia têm realizado ações humanitárias para ajudar as pessoas mais vulneráveis. Ainda que não estejamos na melhor situação do mundo, mesmo assim estamos ajudando pessoas que precisam mais que nós. E é assim que mantemos nossa resistência contra as sombras que insistem em querer nos esconder.

Coletivo e Casa Arouchianos
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Pix: coletivoarouchianos@gmail.com
Vakinha para doações: http://vaka.me/214645

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL