Quem tem picape não só pensa em trabalho, mas também em interação ao volante e desempenho. E como todos esses elementos não apenas estão interligados, como também são complementares entre si, nada melhor do que avaliar duas opções que chamam muita atenção do mercado pela força e pela ótima capacidade de desenvolver boas velocidades em tempos mais curtos de aceleração.

E os modelos do nosso comparativo de hoje mostram como é possível encontrar essas qualidades a partir de concepções de motor, carroceria, nacionalidade, visual e tamanho diferentes; tudo ao mesmo tempo.

De um lado, temos VW Amarok V6 e, do outro, RAM Classic. Quando a primeira é configurada na versão de topo Extreme (R$ 337.280) e a segunda na versão de base Laramie (R$ 357.990), apenas pouco mais de R$ 20 mil as separam.

Entretanto, enquanto a picape da Volkswagen tem porte médio, raízes alemãs, é V6 turbodiesel e estilo mais sóbrio, a RAM é grande, V8 aspirada a gasolina, mais americana do que o Tio Sam lanchando um hamburger e é extremamente chamativa.

Ou seja, não poderiam ser mais diferentes entre si, mas como já dissemos, querem ser atrativas para pessoas que valorizam basicamente as mesmas qualidades relativas ao envolvimento ao pisar fundo no acelerador. Qual vence? Vamos ao duelo a seguir, nas configurações Highline (R$ 316.170) para a Amarok e Night Edition (R$ 367.990) para a RAM Classic.

Quando se trata do design frontal, tanto a RAM quanto a Amarok apresentam elementos distintivos. A RAM exibe um capô com duas entradas de ar (falsas) e uma grade larga em black piano. Seus faróis começam logo abaixo da grade, criando uma estética que evoca o estilo clássico da antiga Dakota e conferindo-lhe um aspecto imponente, quase "tubarão".

Além disso, ganchos na parte inferior e detalhes cromados nas molduras das lanternas contribuem para seu visual arrojado. A traseira da RAM é marcada pela presença do logo "RAM" em black piano e por uma dupla saída de escapamento, reforçando seu charme.

Por outro lado, a Amarok adota um design mais sóbrio que se alinha bem com a proposta de robustez típica de utilitários. Apesar de ter tido poucas mudanças após 13 anos de plataforma, a beleza da Amarok mostra que algo uma vez bem feito, permanece bem feito. Enquanto a picape da VW mantém um perfil mais discreto, a RAM faz questão de exibir sua imponência com suas rodas de 20" côncavas e pintadas de preto.

No que diz respeito a equipamentos e segurança, tanto a RAM quanto a Amarok oferecem uma série de recursos. Ambas incluem airbags (com dois a mais na RAM), controles de estabilidade, sensores de estacionamento e câmera de ré para auxílio em manobras.

A RAM se destaca pela inclusão de um sistema de som premium da marca Alpine, partida remota e uma série de recursos de conforto, como aquecimento do volante e bancos, mais ventilação dos assentos.

Por outro lado, a Amarok oferece uma lista sólida de equipamentos, incluindo faróis com luzes diurnas em LED, controle de velocidade em descidas, protetores de cárter e de transmissão, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sensor de chuva e mais.

No geral, ambos os modelos, RAM e Amarok, proporcionam uma combinação de desempenho, conforto e recursos de segurança que atendem às necessidades dos motoristas que buscam picapes confiáveis e robustas.

Só a parte de infotenimento e conectividade (tanto no cluster quanto na multimídia) é que vemos boa vantagem de experiência na RAM - ainda que a Amarok não deixe de lado o espelhamento para smartphones.

A missão de subir na picape só é mais amena para quem tem mais de 1,80 metro de altura. Ainda assim, conta com o estribo e os ganchos para se segurar. O acabamento é um dos pontos altos, com muito couro e plástico emborrachado por todo o painel.

Com 1.424 litros de capacidade volumétrica, a caçamba da RAM Classic só não é maior, no mercado brasileiro, que a da RAM 3500 Limited Longhorn (quando vier com preparação para reboques tipo quinta roda).

E o seu interior é um espetáculo. Na frente, o console é muito largo, logo, o passageiro fica bem distante do motorista. Os bancos são largos, mas proporcionam firmeza. Atrás, só não pode levar quatro pessoas por falta de um cinto de segurança extra, pois o espaço é muito grande.

Há bom espaço para os ombros, cabeça e as pernas dos ocupantes, e o assoalho é quase plano. Além disso, na ausência de passageiros, os bancos podem ser dobrados para cima, para dar lugar a duas plataformas que nivelam o assoalho (podendo até servir como uma cama, por exemplo). Outro segredo está sobre o tapete: dois porta-objetos fundos, um de cada lado.

Quem viaja atrás tem também saídas de ar, mas faltam entradas USB nessa parte do carro. Quanto ao acabamento, ele é mais sofisticado que a média das picapes, por trazer plástico emborrachado, couro com costura aparente e até madeira.

Já quanto a Amarok, vemos menos nível de detalhes. Ainda assim, sua posição ao volante é irretocável para uma picape. O que acaba deixando mais a desejar é o espaço traseiro mais limitado ante a sua rival, tanto para a acomodação, quanto para os recursos (como saídas de ar e aquecimento ausentes).

Em movimento, ambas passam sensação de firmeza. Entretanto enquanto a Amarok tende mais à precisão, a RAM - por ser maior - acaba suavizando um pouco mais o trabalho da suspensão. Outra desvantagem da picape da VW em relação à RAM é na ausência de direção elétrica.

Nas estradas, ambas demonstraram ter boa estabilidade e isolamento acústico, até mesmo em velocidades de cruzeiro mais elevadas.

A RAM é equipada com um robusto motor HEMI V8 de 5,7 litros, que entrega 400 cv de potência e 56 kgfm de torque. Esse motor, combinado com uma transmissão automática de 8 marchas, oferece desempenho sólido. A aceleração de 0 a 100 km/h é alcançada em 7,7 segundos, e a velocidade máxima é limitada eletronicamente a 174 km/h. A RAM Classic é conhecida por seu desempenho suave, mesmo com seus impressionantes 2.553 kg de peso.

Por outro lado, a Amarok é impulsionada por um motor 3.0 turbodiesel que produz 258 cv de potência e 59,1 kgfm de torque. Essa potência é entregue por meio de uma transmissão automática de 8 marchas e tração integral.

Um recurso interessante é a função "Overboost", que eleva a potência para 272 cv por 10 segundos, proporcionando um impulso adicional quando necessário. A Amarok é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos, com uma velocidade máxima de 210 km/h. Isso a torna uma das picapes médias mais ágeis em termos de desempenho.

Além do desempenho ligeiramente mais ágil da Amarok, ela é mais econômica. Segundo o Inmetro, faz 9 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada. A RAM, por sua vez, faz 5,2 km/l na cidade e 6,4 km/l na estrada. Se não fosse pelo sistema de desligamento de cilindros da Classic - em situações onde se trafega com o "pé mais leve" - os números seriam ainda mais dolorosos.

A RAM é mesmo perfeita para quem quer mais por menos. É a melhor pedida aos que prezam pelo design, desempenho (em acelerações e para o trabalho), personalidade, diversão adicional ao volante, espaço interno e acabamento. De todo modo, é muito mais uma picape de uso pessoal do que profissional. Contudo, seria totalmente desaconselhável para quem for usar em locais apertados ou quem está buscando algo econômico.

E a Amarok V6 tampouco deixa de ser um excelente "brinquedo gigante". O possante motor turbodiesel entrega desempenho de sobra em todas as situações, com respostas de um carro bem mais leve do que ela (ainda que ela tenha quase 3 toneladas de peso). Se, entre as médias, ela é a mais potente da categoria, perde força quando analisamos a modernidade do projeto e a oferta de equipamentos.

Entretanto, quando reunimos os pontos para compará-los, a RAM acaba levando a melhor. Isso tanto por se aproximar mais do luxo, quanto por não ficar quase nada para trás da Amarok em acelerações, só que, ainda, com a vantagem de ser mais espaçosa. Por fim, não cobra muito além da picape da VW por tudo isso. Em matéria de custo-benefício - que sintetiza os argumentos para fazermos a nossa escolha - a RAM é a vencedora do embate.