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Daimler cortará 1.500 empregos em fábrica da Mercedes-Benz em SP, trabalhadores decidem greve

24/08/2015 18h08

MUNIQUE/SÃO PAULO (Reuters) - A Daimler anunciou nesta segunda-feira cortes de 1.500 empregos em fábrica de veículos comerciais da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, em resposta a uma queda na demanda no Brasil.

Os funcionários afetados na fábrica de São Bernardo foram notificados na sexta-feira, disse um porta-voz da Daimler nesta segunda-feira.

As demissões fizeram os 7 mil trabalhadores da fábrica decidirem por greve por tempo indeterminado, informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

"Muitos companheiros receberam telegramas no final da semana, e a empresa já disse que haverá uma segunda parte (de cortes), sem informar a quantidade", disse em comunicado à imprensa o diretor do sindicato, Sérgio Nobre. A montadora afirma que tem um excedente de 2 mil trabalhadores na fábrica.

As vendas de caminhões da Mercedes-Benz no Brasil acumularam queda de cerca de 43 por cento de janeiro a julho ante o mesmo período do ano passado, a 11.450 unidades. No mesmo período, os licenciamentos no segmento recuaram 43 por cento no país.

O mercado brasileiro de caminhões vem em queda desde o começo de 2013, com a economia fraca, inflação alta e condições difíceis de financiamento limitando investimentos em veículos comerciais. A Daimler cortou cerca de 3 mil empregos no Brasil na época, reduzindo sua força de trabalho para 11.854 trabalhadores até o final de junho. A companhia tem mais de 280 mil funcionários no mundo.

No começo deste mês, a companhia alemã havia dito que ainda tinha cerca de 2 mil funcionários excedentes na fábrica em São Bernardo, que tem funcionado a menos de 60 por cento da capacidade.

Os trabalhadores da fábrica rejeitaram uma proposta de manutenção de empregos por um ano em troca de uma redução salarial de 10 por cento, mas o porta-voz da Daimler disse que as negociações com os trabalhadores podem ser retomadas no começo de setembro.

O sindicato tentava negociar a adesão da empresa ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) anunciado pelo governo federal, mas não houve acordo. Segundo a entidade, a montadora considera o PPE insuficiente para o momento.

(Por Irene Preisinger)

((Edição Redação São Paulo, 55 11 56447723)) REUTERS RF AAJ JS