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Produção de veículos estaciona em outubro com desaceleração de vendas

Em São Paulo (SP)

06/11/2013 16h26

A indústria de veículos do Brasil estacionou em outubro, com produção tendo o menor crescimento anual até agora em 2013, estoques em alta e vendas em desaceleração, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (6) pelo setor, que traça cenário mais difícil para 2014.

A produção de veículos do país cresceu 0,5% em outubro sobre um ano antes, as vendas de novos caíram 3,3% e os estoques atingiram nova máxima para 2013, crescendo 4,5% sobre setembro, para quase 440 mil unidades.

O movimento ocorreu apesar das ameaças do governo federal de não manter em 2014 a atual redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que tem beneficiado as vendas desde o final de maio do ano passado.

Segundo o presidente da associação de montadoras de veículos do país, Anfavea, Luiz Moan, o recuo nas vendas foi causado por continuação na política dos bancos de cortar a concessão de crédito ao setor, enquanto a produção foi afetada por greve no mês passado.

Trabalhadores da nova fábrica de veículos compactos da Toyota em Sorocaba (SP) cruzaram os braços durante quase 20 dias em outubro. A montadora não integra o grupo das cinco maiores fabricantes de veículos do país.

Moan, cujo setor tem negociado com o governo federal uma série de programas de estímulos à produção nacional, substituição de importações e aumento de exportações, disse ainda que o volume produzido no mês passado também foi afetado por sazonalidade.

"É um mês que sazonalmente tem queda de produção porque várias montadoras aproveitam para trocar o ano/modelo de seus veículos", disse Moan a jornalistas, comentando que o desempenho de outubro foi o melhor já registrado para o mês, com 323,8 mil veículos montados.

O ponto positivo no mês foi a produção de caminhões, que seguiu forte no comparativo com o fraco desempenho do ano passado. O segmento teve alta de 42% na produção, em meio a dúvidas sobre os termos pelos quais o programa de juros reduzidos do BNDES para compra de bens de capital será prorrogado em 2014.

No acumulado de janeiro a outubro, a produção e veículos do país registra alta de 12,4%, ligeiramente acima da estimativa da Anfavea, de expansão de 11,9% em 2013.

Moan voltou a afirmar que a Anfavea trabalha com projeção de alta acima de 2,5% no Produto Interno Bruto do Brasil este ano e "um pouco acima disso" em 2014. Relatório Focus do Banco Central apontou nesta semana para projeção de economistas de crescimento do PIB de 2,5% este ano e de 2,13% em 2014.

VENDAS INCERTAS
Apesar de esperar um crescimento maior para economia em 2014, o presidente da Anfavea afirmou que a elevação do IPI aliada à obrigatoriedade de instalação de dispositivos de segurança (como freios ABS e airbags) vai aumentar o custo dos veículos, algo que será repassado aos preços e terá impacto sobre o ritmo de crescimento das vendas.

Ele, porém, evitou comentar se a Anfavea espera queda de vendas em 2014. Em setembro, a entidade cortou sua previsão para os licenciamentos este ano de alta de 3,5% a 4,5% para expansão de 1% a 2%. A entidade deve divulgar previsões para o próximo ano em janeiro, disse Moan.

Na sexta-feira passada, ele se reuniu com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que afirmou que as alíquotas do IPI terão "pequena alta" em janeiro.

Em outubro, as vendas de veículos novos somaram 330,2 mil unidades, equivalentes a uma média por dia útil de 14,35 mil ante 14,75 mil em setembro e pico no ano de 15,93 mil em junho. No acumulado de 2013 até o mês passado, os licenciamentos apontam queda de 0,7%, a 3,13 milhões de veículos.

Moan afirmou que o governo publicou no final de outubro lei que altera regras do leasing de veículos, permitindo que encargos como multas e tributos fiquem a cargo do consumidor e não mais com a instituição financeira, algo que desestimulava a modalidade segundo o setor.

"Espero que os bancos respondam rapidamente a essa mudança no leasing, que tem grau de inadimplência menor, permitindo taxas de juros mais baixas", disse o presidente da Anfavea.

Além da alteração no leasing, o setor discute um programa nacional de renovação de frota de veículos para fomentar as vendas. As propostas do programa, que deve focar primeiramente em caminhões, devem ser entregues ao governo na próxima semana.