BMW ameaça desistir de fábrica no Brasil, se governo mantiver restrições
A BMW anunciou, nesta terça-feira (13), que cogita desistir dos planos de construir uma fábrica de montagem de veículos no Brasil se novas medidas impostas pelo governo impedirem a produção lucrativa no país.
"Não iremos ao Brasil para termos prejuízo", disse diretor de produção da BMW, Frank-Peter Arndt, a jornalistas durante reunião anual do grupo. Atualmente, os planos da fabricante alemã envolvem a construção de uma fábrica em São Paulo ou Santa Catarina.
Uma fonte ligada à BMW no Brasil afirmou que a ação do governo junto ao setor automotivo -- além de poder arruinar os planos de uma fábrica local -- têm interferido negativamente nos negócios da marca como um todo. O aumento da alíquota de IPI para carros importados em 30 pontos percentuais teria derrubado as vendas diretas (da fábrica para as concessionárias) para 70 unidades em janeiro e menos de 200 em fevereiro. Mesmo o total de emplacamentos -- ou seja, de vendas ao consumidor final -- caiu drasticamente: nos dois primeiros meses de 2012, apenas 513 carros foram licenciados.
Em dezembro, quando o efeito do aumento (estabelecido no dia 16 daquele mês) ainda não se fazia sentir, a marca entregou 2 mil unidades. As vendas totais da BMW no Brasil em 2011 somaram 12.074 unidades, salto de 42% sobre os 8.534 veículos emplacados em 2010.
Uma vítima direta das medidas restritivas do governo é a nova geração do Série 1, que chega às lojas da marca neste semana. A geração anterior, que chegou a ser vendida por pouco mais de R$ 90 mil a dois anos, encerrou seu ciclo no Brasil custando R$ 105 mil. O novo Série 1, no entanto, carrega o fardo do novo IPI para importados e não irá para a garagem de ninguém por menos de R$ 113.400.
O modelo, aliás, seria o principal produto a ser entregue pela futura (e agora ameaçada) fábrica da marca no país.
MÃOS ATADAS
A BMW vem negociando a instalação da unidade no país desde 2011 e estava nos estágios finais de escolha do local de sua primeira fábrica na América Latina, quando o setor automotivo foi surpreendido pelo anúncio de medidas de restrição à importação de carros. Além disso, a indefinição do governo sobre as regras do novo regime automotivo nacional emperrar qualquer chance de anúncio de investimentos da marca alemã -- situação que é comum a outras empresas que cogitam estabelecer fábricas no Brasil, como a chinesa JAC Motors.
Ainda segundo o interlocutor ligado à BMW local, é impossível pensar em investimento a longo prazo, para 20 ou 25 anos -- caso de uma fábrica ou unidade de montagem no Brasil -- sem saber ao certo o que o Planalto planeja para o setor automotivo. (Com Redação)
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